Caracterização e efeitos do armazenamento de amêndoas com películas e despeliculadas sobre propriedades das frações proteica e lipídica de castanha-do-brasil.

Castanha-do-brasil (Betholletia excelsa Bonpl.) tipo broken com películas e despeliculadas foram analisadas. Obteve-se farinha parcialmente desengordurada, isolado protéico e frações albuminas, globulinas, prolaminas, glutelinas e material não solubilizado que foram avaliados quanto às características físico-químicas, bioquímicas, aminoácidos, eletroforese em gel SDS-PAGE, comportamento térmico. O óleo extraído por prensagem hidráulica foi avaliado quanto às características físico-químicas, perfil de ácidos graxos, comportamento termogravimétrico. Amêndoas e farinha desengordurada foram avaliadas por microscopia ótica e de transmissão. As frações albuminas (41,34%) e glutelinas (36,35%) apresentaram as maiores concentrações, seguidas pelas frações globulinas (19,02%) e prolaminas, que apresenta valores menores que 0,5%. Eletroforese SDS-PAGE da FPD, IP, frações (albuminas, globulinas, prolaminas, glutelinas) e material não solubilizado, indicou sua complexidade. A matriz castanha-do-brasil é rica em proteínas, as quais possuem peso molecular entre 9,32kDa a 52,04kDa. Os aminoácidos essenciais do isolado protéico e frações mantêm as características da matriz farinha desengordurada. Análises de DSC demonstraram que a desnaturação das proteínas é maior na farinha desengordurada que no isolado protéico, menor nas frações albuminas e globulinas e mais acentuada nas frações prolaminas e glutelinas e material não solubilizado, as quais apresentam entalpia (?H) de 0,67; 5,16; 14,25; 0,37; 5,44; 8,01; 0,15 e 0,94 J.g-1, respectivamente. Compostos fenólicos diferiram com o tempo e nos tratamentos, sendo que a castanha-do-brasi broken com película apresentaram valores de 136,07mgAG100g-1 e 123,62mgAG100g-1 no início e após doze meses de armazenamento, respectivamente. A prensagem hidráulica a frio permitiu obter óleo com características físico-químicas (índices de acidez, peróxidos e saponificação) de acordo com a legislação vigente no país para outros óleos comestíveis. O perfil de ácidos graxos demonstrou que a remoção da película marrom promove alterações qualitativas no óleo, que apresentou diferenças significativas quando comparado ao óleo de castanha-do-brasil broken despeliculada. O comportamento termogravimétrico (TG/DTG) dos óleos analisados apresentou um único evento de perda de massa, que ocorreu a partir da T°C de pico a 409,41°C com perda de massa de 99,59%, no caso da castanha-do-brasil com película e 420,00°C e perda de massa de 100%, para a castanha-do-braasil despeliculada, no início do armazenamento, comportamento foi atribuído à presença de maior quantidade de ácidos graxos poliinsaturados no tempo zero para as amêndoas com película, os quais são muito sucetíveis a oxidação e, quando presentes reduzem a estabilidade como um todo. No caso das amêndoas despeliculadas, no início do armazenamento já foi observada a redução desses ácidos. Análises de microscopia (ótica e de transmissão), revelaram que a película marrom que envolve as amêndoas de castanha-do-brasil parece possuir alguns compostos secundários (compostos fenólicos, p. ex.) que mantém a estrutura celular organizada. Na castanha-do-brasil tipo large com películas, estruturas como parede celular e oleossomos aparecem bem mais preservados do que aqueles observados na castanha-do-brasil tipo broken com películas, porém, nas castanhas despeliculadas estas estruturas parecem não existir ou estão muito mais desorganizadas. A manutenção da película marrom que envolve a castanha-do-brasil, notadamente as do tipo broken utilizadas nesta pesquisa, pode contribuir para maior organização do conteúdo celular, possibilitando uma maior proteção das características físico-químicas e estabilidade do óleo.

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Bibliographic Details
Main Author: SOUZA, J. M. L. de
Other Authors: JOANA MARIA LEITE DE SOUZA, CPAF-AC.
Format: Teses biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 2013-11-08
Subjects:Castanha-do-brasil., Amêndoa, Bertholletia Excelsa, Qualidade.,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/970892
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