Variabilidade genética e química entre e dentro de populações de Casseria sylvestris Sw. (Salicaceae) no estado de São Paulo.

O presente trabalho teve como objetivo produzir ferramentas e informações úteis para a conservação e exploração racional de Casearia sylvestris Sw. (Salicaceae), uma espécie que produz diterpenos clerodânicos de grande importância farmacológica (casearinas), e que é explorada por extrativismo. Tal objetivo foi alcançado através do desenvolvimento de marcadores microssatélites específicos para C. sylvestris e de um estudo da diversidade genética e química existente entre e dentro de populações do Estado de São Paulo. Tradicionalmente são reconhecidas duas variedades em C. sylvestris (var. sylvestris e var. lingua), o que é motivo de debate devido à existência de formas intermediárias. Este trabalho objetivou, adicionalmente, contribuir com argumentos genéticos para esta discussão. Foi construída uma biblioteca enriquecida em microssatélites, a partir da qual obtiveram-se e validaram-se dez pares de iniciadores (primers) microssatélites específicos para C. sylvestris. Estes pares de iniciadores foram utilizados para o estudo da estrutura genética de populações de C. sylvestris através da amostragem de 376 indivíduos em nove populações distribuídas em quatro ecossistemas (Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e ecótonos). As duas variedades foram amostradas de acordo com sua distribuição nestes ecossistemas. A genotipagem dos indivíduos para os locos amostrados foi realizada através de eletroforese em gel de acrilamida lido a 700 e 800 nm por um seqüenciador IR2-DNA Analyser (LI-COR). Os dados foram analisados através de abordagens frequentistas, bayesianas e baseadas na teoria de coalescência, utilizando-se diversos programas computacionais. Para o estudo da diversidade química, as mesmas populações foram amostradas, selecionando-se 12 indivíduos por população, totalizando 108 indivíduos. Adicionalmente, foram feitas estacas destes indivíduos para o cultivo em casa de vegetação e posterior coleta para análises químicas. O objetivo foi comparar qualitativamente e quantitativamente as casearinas produzidas por indivíduos de diversas localidades e por seus clones cultivados sob condições homogêneas. Por ser uma espécie não-cultivada, o enraizamento de estacas mostrou-se problemático, e uma metodologia foi desenvolvida para tal. Apenas 46 estacas sobreviveram após mais de um ano de cultivo em casa de vegetação. As casearinas destas 154 (108 + 46) amostras foram extraídas e analisadas em duplicata por CLAE-DAD. Os resultados da análise genética sugerem duplicações gênicas na espécie, detectadas através da observação de mais de dois alelos para um mesmo loco em 8% dos indivíduos da var. sylvestris e em 70% dos indivíduos da var. lingua. Estudos adicionais são necessários para confirmar a hipótese de duplicações gênicas. Observou-se que as populações que abrigam as duas variedades possuem maior diversidade genética. O fluxo gênico detectado entre os ecossistemas foi baixo. A análise de variância molecular indicou que 76% da diversidade genética amostrada encontra-se dentro de cada população, e revelou que as diferenças genéticas entre as variedades são maiores do que as diferenças entre os ecossistemas ou populações. O agrupamento realizado pela abordagem bayesiana coincidiu com a classificação morfológica dos indivíduos com relação à variedade, evidenciando importantes diferenças genéticas entre estes táxons. De modo geral, os resultados indicam que as duas variedades são, atualmente, unidades evolutivas distintas, que trocam informação genética nos ecótonos e em outras poucas localidades onde se encontram e hibridizam. São propostos mecanismos de manutenção dos dois táxons face à hibridação. As análises químicas revelaram uma grande diversidade de casearinas produzidas por um mesmo indivíduo. Cada população apresenta um padrão típico de casearinas, e há grandes diferenças entre os padrões de cada população. As variedades também se mostraram quimicamente diferenciadas. Os resultados revelaram que um ano de cultivo em casa de vegetação não foi suficiente para homogeneizar a produção de casearinas por parte de indivíduos provenientes de diferentes localidades. Tal resultado sugere que o genótipo é bastante determinante na produção de casearinas, ainda que estudos adicionais sejam necessários.

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Bibliographic Details
Main Author: CAVALLARI, M. M.
Format: Teses biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 2009-02-17
Subjects:Casearinas, Diversidade química, Estrutura genética de populações, Microssatélites., Casearia Sylvestris.,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/190752
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