Metodologia para análise da dinâmica e manutenção do serviço ecossistêmico de regulação hídrica na região hidrográfica do Rio Guandu, Rio de Janeiro, RJ.

O aumento da demanda pelo uso da água, impulsionado por fatores ambientais, sociais e econômicos, bem como a degradação dos ecossistemas terrestres e aquáticos ameaçam a segurança hídrica de populações de todos os continentes e apontam para a necessidade premente de uma melhor gestão dos recursos hídricos. No Brasil, se somam a essas demandas os níveis indesejáveis de saneamento básico, refletindo diretamente na qualidade e disponibilidade da água para os diferentes usos. Nesse contexto, o serviço ecossistêmico de regulação hídrica pela diluição de efluentes em corpos hídricos é de suma importância para a qualidade de vida das populações. A dinâmica desse serviço ocorre por meio de um fluxo ecossistêmico, influenciado pelo volume de água que se movimenta de uma região para outra. O presente estudo teve como foco principal desenvolver uma metodologia de análise da dinâmica e manutenção da regulação hídrica na Região Hidrográfica do rio Guandu. Esta região, apesar de ser favorecida pelo volume de água transposto dos rios Piraí e Paraíba do Sul, vem sofrendo com problemas de qualidade e escassez hídrica, o que prejudica e encarece o abastecimento de mais de nove milhões de pessoas no Rio de Janeiro. A metodologia consistiu em revisão de estudos de fluxos ecossistêmicos, construção de um banco de dados, classificação dos impactos sobre a regulação hídrica nas unidades hidrológicas de planejamento (UHPs) a partir de um dendrograma de similaridade, análise de indicadores relacionados às demandas e disponibilidades hídricas dessas unidades e construção de um diagrama do fluxo ecossistêmico de regulação hídrica. Também se analisaram os efeitos das transposições sobre a manutenção e o fluxo deste serviço ecossistêmico a partir da comparação entre o cenário real (que considera a presença da infraestrutura hidráulica existente) e o natural (que a desconsidera). As unidades hidrológicas de planejamento foram classificadas em quatro classes de impacto. Constatou-se que as demandas pelo serviço ecossistêmico de regulação hídrica requerem mais que o dobro do volume de água retirado para atendimento das demandas de provisão de água na Região Hidrográfica do rio Guandu. Com relação à capacidade de manutenção e o balanço da regulação hídrica, observou-se que a pior situação (maior comprometimento hídrico) encontra-se na UHP 10, por ser a mais populosa, e por não receber volume de água das transposições. As UHP 7 e UHP 8, da calha fluvial principal do rio Guandu, junto da UHP 4, são as que apresentam o melhor balanço, em função do volume acrescido das transposições, contribuindo de forma mais positiva para a regulação hídrica. As UHP 9, UHP 10, UHP 11 e UHP 12 não contribuem para a regulação da água que é captada para o abastecimento da população, por não terem conexão hidrográfica com a calha do rio Guandu, contribuindo diretamente para a baía de Sepetiba. Destas, somente a UHP 11 não apresenta um comprometimento hídrico acima de 100%. A metodologia experimentada se mostrou satisfatória, ao possibilitar uma análise integrada do serviço ecossistêmico de regulação hídrica, fornecendo informações úteis para tomada de decisão na Região Hidrográfica do rio Guandu, apresentando potencial para ser utilizada em outras bacias hidrográficas.

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Bibliographic Details
Main Author: XAVIER, F. M. G.
Other Authors: FÁBIO MIRANDA GOMES XAVIER, UFF.
Format: Teses biblioteca
Language:Portugues
pt_BR
Published: 2020-10-13
Subjects:Serviços Ambientais, Segurança Hídrica, Unidade Hidrológica de Planejamento, Serviços Ecossistêmicos,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1125462
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