Biocarvão: multifuncionalidade no gerenciamento e reutilização de co-produtos agroindustriais.
A maneira mais simples de definir biochar é: carvão para uso agrícola. De forma mais detalhada, o biochar é o produto do tratamento térmico da biomassa, na ausência de oxigênio ? em processos tais como a pirólise e a gaseificação ? que é destinado à aplicação no solo ou outros meios de cultivo, para sua melhoria e para o estoque de carbono. Como esta definição traz embutida uma ideia de intencionalidade ? destinado à aplicação no solo ? o uso do termo biochar é inapropriado para outros casos onde o carvão é encontrado no solo. Por exemplo, solos sob áreas sujeitas à incêndios frequentes, como o nosso cerrado, apresentam partículas de carvão em seu perfil. Porém, não houve intencionalidade neste evento, ou ainda, se o incêndio foi intencional, o objetivo não foi a incorporação de carvão e, portanto, não é correto chamar este carvão de biochar. Tudo começou quando na virada do atual milênio, pesquisadores de vários países, incluindo o Brasil, estudaram a fundo as propriedades químicas, físicas e biológicas das chamadas Terras Pretas do Índio (TPI). Este tipo de solo ocorre por toda bacia Amazônica, principalmente ao longo das margens dos seus principais rios. Estima-se que chegam a atingir uma área equivalente a 1% de toda região amazônica. Estes solos escuros sempre chamaram a atenção de agricultores locais por sua alta fertilidade e por, com frequência, apresentarem muitos fragmentos de cerâmicas (originários das populações indígenas pré-colombianas). Estes estudos concluíram que as TPI foram formadas pela interferência do homem, de uma forma aparentemente não intencional e que suas características são a consequência do modo de vida de antigas comunidades pré-Colombianas. Há fortes indícios que apontam estas áreas como as antigas ?lixeiras? destas comunidades. A fertilidade destes solos antropogênicos é tão alta, que alguns sítios chegam a conter mais de 1000 ppm de fósforo, sem falar nos demais nutrientes, e alto teor de matéria orgânica, que pode ser até uma ordem de grandeza maior do que nos solos ao redor. Além disto, esta fertilidade é permanente, isto é, ainda que se cultive por anos e anos, estes solos permanecem férteis. E porque isto acontece? O que estes solos têm que os solos adjacentes não têm? Primeiramente, o mais óbvio: os solos adjacentes não têm cacos de cerâmica.
Main Authors: | , , , |
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Other Authors: | |
Format: | Parte de livro biblioteca |
Language: | pt_BR pt_BR |
Published: |
2019-01-14
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Subjects: | Biocarvao, Plantio florestal, Produto agroindustrial, Mato Grosso, Sinop-MT., Resíduo, Resíduo Orgânico, Agricultura, Substrato de Cultura., Biochar., |
Online Access: | http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1103782 |
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