À terceira margem do Atlântico: um sertão de silêncio e desejo em Desmedida, de Ruy Duarte de Carvalho
Resumo Tomando Desmedida como bússola e o percurso do lusoangolano Ruy Duarte de Carvalho como rota, o presente artigo discute e problematiza a busca de uma origem e de um sentido para o sertão na produção simbólica nacional. Desde os relatos dos primeiros viajantes que chegaram ao país, passando por textos de pesquisadores, historiadores ou escritores, o sertão é descrito como uma imensidão vazia a ser desbravada e contornada por palavras - palco para múltiplas figurações, transgressões e subversões da linguagem. Desmedida funciona como disparador de sentido e fio condutor para o percurso empreendido neste trabalho: aquele que aponta para o sertão como um excesso de vazio - ou falta de medida, de limite e de fronteira - já na estrutura dos significantes selecionados para nomeá-lo. Ao atravessar as obras de Euclides da Cunha e de Guimarães Rosa, Ruy Duarte de Carvalho apresenta dois modos distintos de lidar com o real do sertão e com a impossibilidade de o narrar. A torção de textos, tempos e existências empreendida por Carvalho é lida a partir da virada dos modos de subjetivação do sujeito e da linguagem e seus efeitos sobre os conceitos de ficção e representação na chegada à modernidade, tais quais identificados pelo filósofo Jacques Rancière. Para investigar os conceitos de real e de vazio, foram utilizados como referenciais teóricos artigos de Raul Antelo e de Jacques Lacan.
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Published: |
Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea
2022
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-40182022000100408 |
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oai:scielo:S2316-401820220001004082022-08-01À terceira margem do Atlântico: um sertão de silêncio e desejo em Desmedida, de Ruy Duarte de CarvalhoFonseca,Cíntia Borges A. Ruy Duarte de Carvalho Guimarães Rosa Euclides da Cunha sertão real Resumo Tomando Desmedida como bússola e o percurso do lusoangolano Ruy Duarte de Carvalho como rota, o presente artigo discute e problematiza a busca de uma origem e de um sentido para o sertão na produção simbólica nacional. Desde os relatos dos primeiros viajantes que chegaram ao país, passando por textos de pesquisadores, historiadores ou escritores, o sertão é descrito como uma imensidão vazia a ser desbravada e contornada por palavras - palco para múltiplas figurações, transgressões e subversões da linguagem. Desmedida funciona como disparador de sentido e fio condutor para o percurso empreendido neste trabalho: aquele que aponta para o sertão como um excesso de vazio - ou falta de medida, de limite e de fronteira - já na estrutura dos significantes selecionados para nomeá-lo. Ao atravessar as obras de Euclides da Cunha e de Guimarães Rosa, Ruy Duarte de Carvalho apresenta dois modos distintos de lidar com o real do sertão e com a impossibilidade de o narrar. A torção de textos, tempos e existências empreendida por Carvalho é lida a partir da virada dos modos de subjetivação do sujeito e da linguagem e seus efeitos sobre os conceitos de ficção e representação na chegada à modernidade, tais quais identificados pelo filósofo Jacques Rancière. Para investigar os conceitos de real e de vazio, foram utilizados como referenciais teóricos artigos de Raul Antelo e de Jacques Lacan.info:eu-repo/semantics/openAccessGrupo de Estudos em Literatura Brasileira ContemporâneaPrograma de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB)Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea n.65 20222022-01-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-40182022000100408pt10.1590/2316-40186509 |
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