(Des)memória e catástrofe: considerações sobre a literatura pós-golpe de 1964

O texto pretende repensar, na esteira de uma tradição crítica consolidada, o papel da literatura na representação e na denúncia dos atos de repressão realizados pelo regime militar brasileiro a partir de 1964 e, com maior contundência e força, a partir de 1968, depois da promulgação do AI-5. Nesse âmbito, a função das histórias - contadas por diversos autores e por alguns dos sobreviventes da repressão - parece ser, sobretudo, aquela de desenvolver um papel de suplência da História, no sentido de mostrar, de modo eficaz e através da ficção, o nefando que caracterizou em particular a tortura e o assassinato dos opositores. O estatuto da literatura - a sua capacidade de dizer aquilo que é interdito à historiografia, a possibilidade de recriar o real através da imaginação - permitiu, de fato, a muitos escritores testemunhar o horror e a violência que marcaram o regime instaurado no Brasil cinquenta anos atrás, chegando a nos dar a representação "física" da dor e do sangue derramado por um Poder agindo em estado de exceção.

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Bibliographic Details
Main Author: Finazzi-Agrò,Ettore
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea 2014
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-40182014000100010
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spelling oai:scielo:S2316-401820140001000102014-06-02(Des)memória e catástrofe: considerações sobre a literatura pós-golpe de 1964Finazzi-Agrò,Ettore ditadura militar literatura brasileira testemunho O texto pretende repensar, na esteira de uma tradição crítica consolidada, o papel da literatura na representação e na denúncia dos atos de repressão realizados pelo regime militar brasileiro a partir de 1964 e, com maior contundência e força, a partir de 1968, depois da promulgação do AI-5. Nesse âmbito, a função das histórias - contadas por diversos autores e por alguns dos sobreviventes da repressão - parece ser, sobretudo, aquela de desenvolver um papel de suplência da História, no sentido de mostrar, de modo eficaz e através da ficção, o nefando que caracterizou em particular a tortura e o assassinato dos opositores. O estatuto da literatura - a sua capacidade de dizer aquilo que é interdito à historiografia, a possibilidade de recriar o real através da imaginação - permitiu, de fato, a muitos escritores testemunhar o horror e a violência que marcaram o regime instaurado no Brasil cinquenta anos atrás, chegando a nos dar a representação "física" da dor e do sangue derramado por um Poder agindo em estado de exceção.info:eu-repo/semantics/openAccessGrupo de Estudos em Literatura Brasileira ContemporâneaPrograma de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB)Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea n.43 20142014-06-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-40182014000100010pt10.1590/S2316-40182014000100010
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