EM ÉPOCA DE PANDEMIA: COVID-19 COMO DOENÇA PROFISSIONAL - A EXPERIÊNCIA DE UM INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA

RESUMO Introdução O novo coronavírus, designado SARS-CoV-2, tem como principal fator de disseminação da doença a transmissão entre humanos. COVID-19 é a designação atribuída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para identificar a doença provocada por este agente. Vive-se atualmente em Portugal a fase de Mitigação, na qual, para além da transmissão comunitária, se assume transmissão local em ambiente fechado. Esta doença foi reconhecida pela OMS e pela Direção Geral da Saúde como Doença Profissional (DP) em ambiente de cuidados de saúde. Objetivos Avaliar e caracterizar os casos presumidos de DP provocada pelo SARS-COV-2, entre os trabalhadores com COVID-19, tendo em conta a respetiva interpretação do nexo de causalidade, de forma individual. Metodologia Estudo retrospetivo observacional descritivo (série de casos), realizado entre março e julho de 2020 em trabalhadores de uma instituição hospitalar dedicada à assistência de doentes oncológicos, com recurso à interpretação dos dados de saúde existentes nos processos clínicos do software de gestão de saúde e segurança do trabalho (UTILSST®). Como critério de inclusão considerou-se a infeção de Trabalhadores com SARS-COV-2. Resultados Diagnosticaram-se 41 trabalhadores com infeção COVID-19, com média de idade de 43.70 ± 11.63 anos. Destes, 87.80% (n=36) eram do género feminino. A categoria profissional com maior taxa de infeção na instituição foi a dos Assistentes Operacionais [46.34%, n=19], seguida dos Enfermeiros [39.02%, n=16]. O serviço hospitalar mais afetado foi um Serviço de Oncologia Médica [29.27%, n=12]. Na população estudada, a prevalência de casos presumidos como DP foi de 80.49% (n=33). Destes, 48.5% (n=16) foi por contacto direto com doente infetado; 30.3% (n=10) sem caso índice conhecido assumido, mas com diagnóstico obtido em “fase de mitigação da doença”; 21.2% (n=7) por contacto com colega de trabalho infetado. Em 19.51% (n=8) de todos os casos não foi presumida Doença Profissional, por contacto com caso índice ter sido em ambiente social/ familiar. Conclusão As principais fontes de transmissão nosocomial com nexo causal assumido são os doentes com COVID-19. É fundamental colocar em prática e garantir a manutenção das medidas adequadas de proteção individual e coletiva para combater esta doença, bem como assegurar uma permanente atualização do programa de controlo da infeção da instituição para que o risco de exposição seja controlado.

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Bibliographic Details
Main Authors: Oliveira,A, Leite,C, Rocha,D, Morais,M, Bento,J, Rocha,L
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Ajeogene Serviços Médicos Lda 2020
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200103
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Summary:RESUMO Introdução O novo coronavírus, designado SARS-CoV-2, tem como principal fator de disseminação da doença a transmissão entre humanos. COVID-19 é a designação atribuída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para identificar a doença provocada por este agente. Vive-se atualmente em Portugal a fase de Mitigação, na qual, para além da transmissão comunitária, se assume transmissão local em ambiente fechado. Esta doença foi reconhecida pela OMS e pela Direção Geral da Saúde como Doença Profissional (DP) em ambiente de cuidados de saúde. Objetivos Avaliar e caracterizar os casos presumidos de DP provocada pelo SARS-COV-2, entre os trabalhadores com COVID-19, tendo em conta a respetiva interpretação do nexo de causalidade, de forma individual. Metodologia Estudo retrospetivo observacional descritivo (série de casos), realizado entre março e julho de 2020 em trabalhadores de uma instituição hospitalar dedicada à assistência de doentes oncológicos, com recurso à interpretação dos dados de saúde existentes nos processos clínicos do software de gestão de saúde e segurança do trabalho (UTILSST®). Como critério de inclusão considerou-se a infeção de Trabalhadores com SARS-COV-2. Resultados Diagnosticaram-se 41 trabalhadores com infeção COVID-19, com média de idade de 43.70 ± 11.63 anos. Destes, 87.80% (n=36) eram do género feminino. A categoria profissional com maior taxa de infeção na instituição foi a dos Assistentes Operacionais [46.34%, n=19], seguida dos Enfermeiros [39.02%, n=16]. O serviço hospitalar mais afetado foi um Serviço de Oncologia Médica [29.27%, n=12]. Na população estudada, a prevalência de casos presumidos como DP foi de 80.49% (n=33). Destes, 48.5% (n=16) foi por contacto direto com doente infetado; 30.3% (n=10) sem caso índice conhecido assumido, mas com diagnóstico obtido em “fase de mitigação da doença”; 21.2% (n=7) por contacto com colega de trabalho infetado. Em 19.51% (n=8) de todos os casos não foi presumida Doença Profissional, por contacto com caso índice ter sido em ambiente social/ familiar. Conclusão As principais fontes de transmissão nosocomial com nexo causal assumido são os doentes com COVID-19. É fundamental colocar em prática e garantir a manutenção das medidas adequadas de proteção individual e coletiva para combater esta doença, bem como assegurar uma permanente atualização do programa de controlo da infeção da instituição para que o risco de exposição seja controlado.