Polimedicação no idoso: perceção dos médicos de família (projeto de investigação)
Resumo Introdução: A polimedicação define-se pela utilização simultânea, apropriada ou não, de acordo com as comorbilidades de cada doente, de pelo menos cinco fármacos no mesmo utente. O médico de família (MF) deve identificar e combater, quando clinicamente apropriado, a polifarmácia. Objetivos: Identificar a prevalência de polimedicação e as principais classes farmacológicas potencialmente inapropriadas utilizadas nos utentes muito idosos inscritos na Unidade de Saúde Familiar participante e avaliar a perceção dos MF sobre esta realidade. Método: Estudo observacional transversal analítico na população dos inscritos com idade igual ou superior a 80 anos. Foram excluídos os utentes sem registos clínicos nos últimos três anos. Distribuiu-se um questionário aos MF para avaliar a sua perceção face à polimedicação no seu ficheiro. Os dados relativos à medicação utilizada pelos utentes foram obtidos dos programas SClínico® e PEM® e analisados no Excel®. Resultados: Incluíram-se 386 utentes com idade média de 85,6 anos, 62% do sexo feminino. 79,5% dos utentes estavam polimedicados, com uma média de 7,1±3,1 fármacos por utente. As estatinas corresponderam ao grupo farmacológico mais prescrito (64,2%) dos pesquisados, com as benzodiazepinas e os inibidores da bomba de protões a constituírem as classes potencialmente inapropriadas mais utilizadas em igual proporção (35%). Cinco MF aceitaram participar no estudo; três definiram corretamente polimedicação e evidenciaram perceção aproximada da realidade na respetiva lista de utentes. A percentagem de utilização de benzodiazepinas foi sobrestimada por quatro clínicos; a prescrição de anticoagulantes foi subestimada por três profissionais, contrariamente à utilização de antiagregantes e sulfuniloreias, sobrestimados em igual proporção. Discussão/Conclusão: Este estudo permitiu caracterizar o problema da polimedicação na unidade investigada, potenciando a consciencialização individual e da equipa para esta problemática, sendo que a prevalência se revelou superior à relatada noutros estudos. As investigadoras concluem que é imperativo desenvolver estratégias de combate à polimedicação.
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Published: |
Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
2023
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oai:scielo:S2182-517320230005003872024-01-04Polimedicação no idoso: perceção dos médicos de família (projeto de investigação)Martins,BárbaraMendes,ÂngelaLuís,Joana GonçalvesAraújo,Rosa Maria Idoso Polimedicação Classes de fármacos potencialmente inapropriadas Resumo Introdução: A polimedicação define-se pela utilização simultânea, apropriada ou não, de acordo com as comorbilidades de cada doente, de pelo menos cinco fármacos no mesmo utente. O médico de família (MF) deve identificar e combater, quando clinicamente apropriado, a polifarmácia. Objetivos: Identificar a prevalência de polimedicação e as principais classes farmacológicas potencialmente inapropriadas utilizadas nos utentes muito idosos inscritos na Unidade de Saúde Familiar participante e avaliar a perceção dos MF sobre esta realidade. Método: Estudo observacional transversal analítico na população dos inscritos com idade igual ou superior a 80 anos. Foram excluídos os utentes sem registos clínicos nos últimos três anos. Distribuiu-se um questionário aos MF para avaliar a sua perceção face à polimedicação no seu ficheiro. Os dados relativos à medicação utilizada pelos utentes foram obtidos dos programas SClínico® e PEM® e analisados no Excel®. Resultados: Incluíram-se 386 utentes com idade média de 85,6 anos, 62% do sexo feminino. 79,5% dos utentes estavam polimedicados, com uma média de 7,1±3,1 fármacos por utente. As estatinas corresponderam ao grupo farmacológico mais prescrito (64,2%) dos pesquisados, com as benzodiazepinas e os inibidores da bomba de protões a constituírem as classes potencialmente inapropriadas mais utilizadas em igual proporção (35%). Cinco MF aceitaram participar no estudo; três definiram corretamente polimedicação e evidenciaram perceção aproximada da realidade na respetiva lista de utentes. A percentagem de utilização de benzodiazepinas foi sobrestimada por quatro clínicos; a prescrição de anticoagulantes foi subestimada por três profissionais, contrariamente à utilização de antiagregantes e sulfuniloreias, sobrestimados em igual proporção. Discussão/Conclusão: Este estudo permitiu caracterizar o problema da polimedicação na unidade investigada, potenciando a consciencialização individual e da equipa para esta problemática, sendo que a prevalência se revelou superior à relatada noutros estudos. As investigadoras concluem que é imperativo desenvolver estratégias de combate à polimedicação.info:eu-repo/semantics/openAccessAssociação Portuguesa de Medicina Geral e FamiliarRevista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar v.39 n.5 20232023-10-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000500387pt10.32385/rpmgf.v39i5.13518 |
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