Os Efeitos da Iconicidade na Pré-Alfabetização: um Estudo Psicolinguístico de Pareamento Figura-Palavra Escrita

Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar, a partir da perspectiva da linguística experimental, o uso da iconicidade como estratégia de leitura provisória utilizada pelas crianças, durante a fase de pré-alfabetização. Contrastamos o recrutamento de iconicidade com a noção de arbitrariedade linguística default, como proposta por Saussure. Para testar a interação dessas duas apostas cognitivas - iconicidade e arbitrariedade - em crianças de três faixas etárias, 4, 5 e 6, propomos um experimento do tipo role-playing a fim de verificar se esses participantes usam relações icônicas para guiá-los em uma tarefa de pareamento entre figura e palavra escrita. Nossos resultados mostram que a iconicidade é um recurso usado por algumas crianças, especialmente as menores, de 4 anos, que tendem a estabelecer uma relação motivacional mais clara entre o tamanho dos objetos e o tamanho da palavra que os nomeia. Verificou-se que a iconicidade ainda persiste como estratégia de leitura em algumas crianças de 6 anos de idade, quando estão na idade de se engajarem em um programa formal de alfabetização. Diante desses resultados discutimos as implicações da escolha do método de alfabetização, seja favorecendo a leitura global ou a decodificação grafema-fonema, em relação, principalmente, a essas crianças, que tendem a preservar a estratégia icônica por mais tempo.

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Main Authors: Andrade,Isadora Rodrigues de, Machado,Ana Luiza H. Tinoco, França,Aniela Improta
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Santa Catarina 2019
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-80262019000300175
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Summary:Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar, a partir da perspectiva da linguística experimental, o uso da iconicidade como estratégia de leitura provisória utilizada pelas crianças, durante a fase de pré-alfabetização. Contrastamos o recrutamento de iconicidade com a noção de arbitrariedade linguística default, como proposta por Saussure. Para testar a interação dessas duas apostas cognitivas - iconicidade e arbitrariedade - em crianças de três faixas etárias, 4, 5 e 6, propomos um experimento do tipo role-playing a fim de verificar se esses participantes usam relações icônicas para guiá-los em uma tarefa de pareamento entre figura e palavra escrita. Nossos resultados mostram que a iconicidade é um recurso usado por algumas crianças, especialmente as menores, de 4 anos, que tendem a estabelecer uma relação motivacional mais clara entre o tamanho dos objetos e o tamanho da palavra que os nomeia. Verificou-se que a iconicidade ainda persiste como estratégia de leitura em algumas crianças de 6 anos de idade, quando estão na idade de se engajarem em um programa formal de alfabetização. Diante desses resultados discutimos as implicações da escolha do método de alfabetização, seja favorecendo a leitura global ou a decodificação grafema-fonema, em relação, principalmente, a essas crianças, que tendem a preservar a estratégia icônica por mais tempo.