“- Queres jogar? Assim percebes melhor como se joga! a etnografia como uma experiência adulta de aprender a aprender com as crianças
Resumo As etnografias com crianças, reconhecidas como metodologia útil para a produção de um outro conhecimento acerca delas e das suas infâncias, vêm contribuindo para consolidar os Estudos da Infância. Através da etnografia acessamos e buscamos compreender como as crianças produzem significados e os investem de sentidos subjetivos mediante processos de geracionalização desafiadores da ordem geracional estabelecida. Em causa estarão as posições paradoxais da pesquisadora quando, ao viver as dialéticas da agência dos adultos e das crianças, no trabalho de aprender a aprender com elas em processos de socialização que envolvem os seus mundos socioculturais, tem que lidar com o adultocentrismo. Assim, a etnografia, enquanto processo de comunicação intercultural e de afetação com o Outro/criança, torna-se numa experiência transformadora. Este texto procura analisar um episódio etnográfico acerca de como o adulto aprendeu determinados saberes e fazeres com as crianças de uma comunidade piscatória no norte de Portugal, com idades entre 6 e 14 anos, quando se encontravam em espaços públicos abertos. Discute-se a subjetividade e reflexividade da etnógrafa enquanto trilha proximidades nos encontros com as crianças e aprende que para compreender a complexidade dos seus mundos precisa viver os seus lugares de corpo inteiro, imerso em afetos, emoções e sensorialidades.
Main Authors: | , , |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidad de Guadalajara, Centro Universitario de Ciencias Sociales y Humanidades
2020
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Online Access: | http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2007-21712020000100007 |
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Summary: | Resumo As etnografias com crianças, reconhecidas como metodologia útil para a produção de um outro conhecimento acerca delas e das suas infâncias, vêm contribuindo para consolidar os Estudos da Infância. Através da etnografia acessamos e buscamos compreender como as crianças produzem significados e os investem de sentidos subjetivos mediante processos de geracionalização desafiadores da ordem geracional estabelecida. Em causa estarão as posições paradoxais da pesquisadora quando, ao viver as dialéticas da agência dos adultos e das crianças, no trabalho de aprender a aprender com elas em processos de socialização que envolvem os seus mundos socioculturais, tem que lidar com o adultocentrismo. Assim, a etnografia, enquanto processo de comunicação intercultural e de afetação com o Outro/criança, torna-se numa experiência transformadora. Este texto procura analisar um episódio etnográfico acerca de como o adulto aprendeu determinados saberes e fazeres com as crianças de uma comunidade piscatória no norte de Portugal, com idades entre 6 e 14 anos, quando se encontravam em espaços públicos abertos. Discute-se a subjetividade e reflexividade da etnógrafa enquanto trilha proximidades nos encontros com as crianças e aprende que para compreender a complexidade dos seus mundos precisa viver os seus lugares de corpo inteiro, imerso em afetos, emoções e sensorialidades. |
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