Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo

Resumo Neste artigo, investigo a declaração recorrente de escritores e jornalistas latino-americanos sobre a impossibilidade de se fazer ficção em face de contextos opressores. Analiso duas narrativas, Garotas mortas, de Selva Almada, e Os vampiros da realidade só matam pobres, de Eliane Brum, que se apresentam como relatos factuais de intervenção. Minha hipótese é de que se a ficção se apresenta como impossível, ela é também imprescindível, uma vez que esse tipo de narrativa a exige. Para isso, discuto a emergência e as ambiguidades da noção de não ficção e proponho, a partir de Jacques Rancière, o entendimento de ficção como estrutura inteligível erguida por meio do encadeamento de situações e de atores determinados, o que obscurece limites entre literatura e jornalismo. Na análise das obras, evidencio os atravessamentos do documental para o literário e o modo como certa consciência ficcional se manifesta textualmente, mesmo diante da urgência afirmada de não ficção.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Author: Serelle,Marcio
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica - PUC-SP 2022
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-25532022000100305
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
id oai:scielo:S1982-25532022000100305
record_format ojs
spelling oai:scielo:S1982-255320220001003052022-04-28Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativoSerelle,Marcio jornalismo narrativo latino-americano ficção testemunho Resumo Neste artigo, investigo a declaração recorrente de escritores e jornalistas latino-americanos sobre a impossibilidade de se fazer ficção em face de contextos opressores. Analiso duas narrativas, Garotas mortas, de Selva Almada, e Os vampiros da realidade só matam pobres, de Eliane Brum, que se apresentam como relatos factuais de intervenção. Minha hipótese é de que se a ficção se apresenta como impossível, ela é também imprescindível, uma vez que esse tipo de narrativa a exige. Para isso, discuto a emergência e as ambiguidades da noção de não ficção e proponho, a partir de Jacques Rancière, o entendimento de ficção como estrutura inteligível erguida por meio do encadeamento de situações e de atores determinados, o que obscurece limites entre literatura e jornalismo. Na análise das obras, evidencio os atravessamentos do documental para o literário e o modo como certa consciência ficcional se manifesta textualmente, mesmo diante da urgência afirmada de não ficção.info:eu-repo/semantics/openAccessPrograma de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica - PUC-SPGaláxia (São Paulo) n.47 20222022-01-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-25532022000100305pt10.1590/1982-2553202255053
institution SCIELO
collection OJS
country Brasil
countrycode BR
component Revista
access En linea
databasecode rev-scielo-br
tag revista
region America del Sur
libraryname SciELO
language Portuguese
format Digital
author Serelle,Marcio
spellingShingle Serelle,Marcio
Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo
author_facet Serelle,Marcio
author_sort Serelle,Marcio
title Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo
title_short Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo
title_full Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo
title_fullStr Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo
title_full_unstemmed Urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo
title_sort urgência de não ficção: enfrentamentos políticos e literários do jornalismo narrativo
description Resumo Neste artigo, investigo a declaração recorrente de escritores e jornalistas latino-americanos sobre a impossibilidade de se fazer ficção em face de contextos opressores. Analiso duas narrativas, Garotas mortas, de Selva Almada, e Os vampiros da realidade só matam pobres, de Eliane Brum, que se apresentam como relatos factuais de intervenção. Minha hipótese é de que se a ficção se apresenta como impossível, ela é também imprescindível, uma vez que esse tipo de narrativa a exige. Para isso, discuto a emergência e as ambiguidades da noção de não ficção e proponho, a partir de Jacques Rancière, o entendimento de ficção como estrutura inteligível erguida por meio do encadeamento de situações e de atores determinados, o que obscurece limites entre literatura e jornalismo. Na análise das obras, evidencio os atravessamentos do documental para o literário e o modo como certa consciência ficcional se manifesta textualmente, mesmo diante da urgência afirmada de não ficção.
publisher Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica - PUC-SP
publishDate 2022
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-25532022000100305
work_keys_str_mv AT serellemarcio urgenciadenaoficcaoenfrentamentospoliticoseliterariosdojornalismonarrativo
_version_ 1756435533403258880