Da atualidade da servidão voluntária

Os processos de sujeição voluntária parecem consubstanciais à expansão do capitalismo. A transformação ocorrida no caráter da propriedade, tornando-a móvel e flexível, sob a forma dinheiro, tem sua contrapartida em nova mobilidade dos trabalhadores, expropriados do controle do conjunto do processo produtivo e tornados disponíveis como mera capacidade produtiva. A liberdade contemporânea não é mero engodo, pois expressa longa luta pela redução dos laços de controle de tipo senhorial, levada a efeito pelos camponeses e pelos trabalhadores urbanos. Mas também não pode ser considerada como expressão de uma real libertação humana, uma vez que repousa sobre formas de expropriação que, de maneira aparentemente 'natural', impõem aos trabalhadores sua própria sujeição. Na atualidade, o aprofundamento da separação realizada entre a propriedade econômica e as possibilidades de intervenção política agrava as condições dessa "servidão voluntária" e vem sendo, de forma quase sarcástica, apresentado como "trabalho voluntário".

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Bibliographic Details
Main Author: Fontes,Virgínia
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Fundação Oswaldo Cruz, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio 2006
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462006000200013
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spelling oai:scielo:S1981-774620060002000132012-10-30Da atualidade da servidão voluntáriaFontes,Virgínia sujeição voluntária liberdade capitalismo humanidade abstração Os processos de sujeição voluntária parecem consubstanciais à expansão do capitalismo. A transformação ocorrida no caráter da propriedade, tornando-a móvel e flexível, sob a forma dinheiro, tem sua contrapartida em nova mobilidade dos trabalhadores, expropriados do controle do conjunto do processo produtivo e tornados disponíveis como mera capacidade produtiva. A liberdade contemporânea não é mero engodo, pois expressa longa luta pela redução dos laços de controle de tipo senhorial, levada a efeito pelos camponeses e pelos trabalhadores urbanos. Mas também não pode ser considerada como expressão de uma real libertação humana, uma vez que repousa sobre formas de expropriação que, de maneira aparentemente 'natural', impõem aos trabalhadores sua própria sujeição. Na atualidade, o aprofundamento da separação realizada entre a propriedade econômica e as possibilidades de intervenção política agrava as condições dessa "servidão voluntária" e vem sendo, de forma quase sarcástica, apresentado como "trabalho voluntário".info:eu-repo/semantics/openAccessFundação Oswaldo Cruz, Escola Politécnica de Saúde Joaquim VenâncioTrabalho, Educação e Saúde v.4 n.2 20062006-09-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462006000200013pt10.1590/S1981-77462006000200013
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