Novos paradigmas no tratamento das feridas complexas

Resumo Introdução: O tratamento de feridas tem sido uma temática com crescente interesse pelas envolventes que comporta, tanto ao nível físico como psicossocial, pelos custos associados ao tratamento e pelo stress causado na pessoa, na família e no sistema de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esta temática como uma epidemia pela elevada prevalência. Em Portugal, os dados epidemiológicos são limitados mas estima-se que haja 3,3 portadores de ferida por mil habitantes. A presente revisão narrativa tem como objetivo contribuir para clarificar a abordagem ao tratamento da ferida complexa à luz das novas guidelines emitidas pela European Wound Management Association (EWMA). Material e Métodos: Foi efectuada uma revisão narrativa sobre os aspectos actuais da abordagem à ferida complexa ou de difícil cicatrização, (ferida que não regride em 40-50% da sua dimensão em 4 semanas). Efectuou-se uma pesquisa bibliográfica na Pubmed e nos últimos documentos de consenso elaborados pela EWMA (European Wound Management Association) a qual foi integrada na experiência dos autores no tratamento deste tipo de doentes. Resultados: A abordagem da ferida complexa deve ser sistemática e sistematizada, em equipa multidisciplinar, mediada por um gestor de ferida, e em centros dedicados ao tratamento da mesma. O portador de ferida deve estar no centro dos cuidados como parceiro o que requer por parte dos profissionais de saúde formação na capacitação da pessoa/família/cuidador. O controlo de infeção associado ao tratamento de feridas deve envolver intervenções simples e pouco onerosas, mas muito importantes, como a higienização das mãos, a utilização de equipamentos de proteção individual dos profissionais e dos utentes e uma boa gestão das salas de tratamento. As terapias mais avançadas baseiam-se em novos princípios e tecnologias ou em novas aplicações de princípios e tecnologias já consolidados e a sua utilização deve ser baseada na evidência. Os algoritmos em saúde são instrumentos de apoio à decisão clínica na presença de situações complexas e apresenta-se uma proposta de algoritmo para o tratamento de ferida complexa. Conclusão: A abordagem da ferida complexa deve englobar aspectos multifatoriais e a escolha de terapias avançadas deve ser criteriosa tendo em conta o custo.

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Bibliographic Details
Main Authors: Jorge,Helena, Silva,Cláudia, Pinto,Cíntia, Almeida,Ana, Pedro,Luís Mendes
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular 2021
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200125
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Summary:Resumo Introdução: O tratamento de feridas tem sido uma temática com crescente interesse pelas envolventes que comporta, tanto ao nível físico como psicossocial, pelos custos associados ao tratamento e pelo stress causado na pessoa, na família e no sistema de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esta temática como uma epidemia pela elevada prevalência. Em Portugal, os dados epidemiológicos são limitados mas estima-se que haja 3,3 portadores de ferida por mil habitantes. A presente revisão narrativa tem como objetivo contribuir para clarificar a abordagem ao tratamento da ferida complexa à luz das novas guidelines emitidas pela European Wound Management Association (EWMA). Material e Métodos: Foi efectuada uma revisão narrativa sobre os aspectos actuais da abordagem à ferida complexa ou de difícil cicatrização, (ferida que não regride em 40-50% da sua dimensão em 4 semanas). Efectuou-se uma pesquisa bibliográfica na Pubmed e nos últimos documentos de consenso elaborados pela EWMA (European Wound Management Association) a qual foi integrada na experiência dos autores no tratamento deste tipo de doentes. Resultados: A abordagem da ferida complexa deve ser sistemática e sistematizada, em equipa multidisciplinar, mediada por um gestor de ferida, e em centros dedicados ao tratamento da mesma. O portador de ferida deve estar no centro dos cuidados como parceiro o que requer por parte dos profissionais de saúde formação na capacitação da pessoa/família/cuidador. O controlo de infeção associado ao tratamento de feridas deve envolver intervenções simples e pouco onerosas, mas muito importantes, como a higienização das mãos, a utilização de equipamentos de proteção individual dos profissionais e dos utentes e uma boa gestão das salas de tratamento. As terapias mais avançadas baseiam-se em novos princípios e tecnologias ou em novas aplicações de princípios e tecnologias já consolidados e a sua utilização deve ser baseada na evidência. Os algoritmos em saúde são instrumentos de apoio à decisão clínica na presença de situações complexas e apresenta-se uma proposta de algoritmo para o tratamento de ferida complexa. Conclusão: A abordagem da ferida complexa deve englobar aspectos multifatoriais e a escolha de terapias avançadas deve ser criteriosa tendo em conta o custo.