Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura

Resumo Introdução: Os aneurismas micóticos das carótidas na sua porção extracraniana são extremamente raros, sendo que o conhecimento sobre essa patologia incide apenas na descrição de casos clínicos. Apenas cerca de 100 casos estão publicados na literatura. Os autores propõem apresentar uma revisão sistemática com a intenção de delinear uma compreensão mais generalizada desta patologia. Métodos: Foram consultadas as bases de dados PubMed e EmBase utilizando as palavras-chave “infected aneurysm” e “carotid artery”. Foram incluídos todos os trabalhos em inglês até 2019. Os estudos que descrevem casos sobre aneurismas carotídeos intracranianos ou pseudoaneurismas traumáticos foram excluídos, tal como as lesões secundárias a complicações de cirurgia vascular. Resultados: Foram incluídos 55 trabalhos entre 1979-2019, relatando dados de 58 doentes. A mediana da idade foi de 63 anos (mín. 9 meses; máx. 88 anos), sendo 67% do sexo masculino. Cerca de 70% apresentaram histórico de infeções bacterianas prévias ou imunossupressão. A localização mais frequente foi a carótida interna seguida pela carótida comum, quase exclusivamente na proximidade da bifurcação carotídea. O aparecimento de uma massa cervical foi a apresentação mais habitual (46%) seguida por síndromes compressivos (38%) e AVC/AIT (11%). Os agentes identificados na maior proporção dos casos foram o Staphylococcus aureus (26%) e Salmonella spp (19%). A interposição de enxertos autólogos foi a técnica mais utilizada para correção cirúrgica. Foi relatada a morte de 7 doentes (14%). Conclusão: Os aneurismas micóticos das carótidas são raros e o diagnóstico pode ser difícil. O seu tratamento implica restituição do inflow carotídeo e remoção do tecido infetado, pelo que a utilização de enxertos autólogos é a estratégia preferida. Apesar das técnicas endovasculares poderem ser usadas em casos selecionados, deve ser considerada a possibilidade de o material protésico ser um nicho para crescimento bacteriano. A morbimortalidade poderá ser maior que a descrita no presente trabalho pelo viés de publicação.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Lima,Pedro, Moreira,Mário, Correia,Mafalda, Pereira,Bárbara, Silva,Joana, Constâncio,Vânia, Gonçalves,Anabela, Fonseca,Manuel
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular 2020
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2020000400290
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
id oai:scielo:S1646-706X2020000400290
record_format ojs
spelling oai:scielo:S1646-706X20200004002902021-06-22Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literaturaLima,PedroMoreira,MárioCorreia,MafaldaPereira,BárbaraSilva,JoanaConstâncio,VâniaGonçalves,AnabelaFonseca,Manuel Aneurisma infecioso carótida Resumo Introdução: Os aneurismas micóticos das carótidas na sua porção extracraniana são extremamente raros, sendo que o conhecimento sobre essa patologia incide apenas na descrição de casos clínicos. Apenas cerca de 100 casos estão publicados na literatura. Os autores propõem apresentar uma revisão sistemática com a intenção de delinear uma compreensão mais generalizada desta patologia. Métodos: Foram consultadas as bases de dados PubMed e EmBase utilizando as palavras-chave “infected aneurysm” e “carotid artery”. Foram incluídos todos os trabalhos em inglês até 2019. Os estudos que descrevem casos sobre aneurismas carotídeos intracranianos ou pseudoaneurismas traumáticos foram excluídos, tal como as lesões secundárias a complicações de cirurgia vascular. Resultados: Foram incluídos 55 trabalhos entre 1979-2019, relatando dados de 58 doentes. A mediana da idade foi de 63 anos (mín. 9 meses; máx. 88 anos), sendo 67% do sexo masculino. Cerca de 70% apresentaram histórico de infeções bacterianas prévias ou imunossupressão. A localização mais frequente foi a carótida interna seguida pela carótida comum, quase exclusivamente na proximidade da bifurcação carotídea. O aparecimento de uma massa cervical foi a apresentação mais habitual (46%) seguida por síndromes compressivos (38%) e AVC/AIT (11%). Os agentes identificados na maior proporção dos casos foram o Staphylococcus aureus (26%) e Salmonella spp (19%). A interposição de enxertos autólogos foi a técnica mais utilizada para correção cirúrgica. Foi relatada a morte de 7 doentes (14%). Conclusão: Os aneurismas micóticos das carótidas são raros e o diagnóstico pode ser difícil. O seu tratamento implica restituição do inflow carotídeo e remoção do tecido infetado, pelo que a utilização de enxertos autólogos é a estratégia preferida. Apesar das técnicas endovasculares poderem ser usadas em casos selecionados, deve ser considerada a possibilidade de o material protésico ser um nicho para crescimento bacteriano. A morbimortalidade poderá ser maior que a descrita no presente trabalho pelo viés de publicação.info:eu-repo/semantics/openAccessSociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia VascularAngiologia e Cirurgia Vascular v.16 n.4 20202020-12-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2020000400290pt
institution SCIELO
collection OJS
country Portugal
countrycode PT
component Revista
access En linea
databasecode rev-scielo-pt
tag revista
region Europa del Sur
libraryname SciELO
language Portuguese
format Digital
author Lima,Pedro
Moreira,Mário
Correia,Mafalda
Pereira,Bárbara
Silva,Joana
Constâncio,Vânia
Gonçalves,Anabela
Fonseca,Manuel
spellingShingle Lima,Pedro
Moreira,Mário
Correia,Mafalda
Pereira,Bárbara
Silva,Joana
Constâncio,Vânia
Gonçalves,Anabela
Fonseca,Manuel
Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura
author_facet Lima,Pedro
Moreira,Mário
Correia,Mafalda
Pereira,Bárbara
Silva,Joana
Constâncio,Vânia
Gonçalves,Anabela
Fonseca,Manuel
author_sort Lima,Pedro
title Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura
title_short Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura
title_full Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura
title_fullStr Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura
title_full_unstemmed Aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura
title_sort aneurismas micóticos das carótidas extracranianas - revisão sistemática da literatura
description Resumo Introdução: Os aneurismas micóticos das carótidas na sua porção extracraniana são extremamente raros, sendo que o conhecimento sobre essa patologia incide apenas na descrição de casos clínicos. Apenas cerca de 100 casos estão publicados na literatura. Os autores propõem apresentar uma revisão sistemática com a intenção de delinear uma compreensão mais generalizada desta patologia. Métodos: Foram consultadas as bases de dados PubMed e EmBase utilizando as palavras-chave “infected aneurysm” e “carotid artery”. Foram incluídos todos os trabalhos em inglês até 2019. Os estudos que descrevem casos sobre aneurismas carotídeos intracranianos ou pseudoaneurismas traumáticos foram excluídos, tal como as lesões secundárias a complicações de cirurgia vascular. Resultados: Foram incluídos 55 trabalhos entre 1979-2019, relatando dados de 58 doentes. A mediana da idade foi de 63 anos (mín. 9 meses; máx. 88 anos), sendo 67% do sexo masculino. Cerca de 70% apresentaram histórico de infeções bacterianas prévias ou imunossupressão. A localização mais frequente foi a carótida interna seguida pela carótida comum, quase exclusivamente na proximidade da bifurcação carotídea. O aparecimento de uma massa cervical foi a apresentação mais habitual (46%) seguida por síndromes compressivos (38%) e AVC/AIT (11%). Os agentes identificados na maior proporção dos casos foram o Staphylococcus aureus (26%) e Salmonella spp (19%). A interposição de enxertos autólogos foi a técnica mais utilizada para correção cirúrgica. Foi relatada a morte de 7 doentes (14%). Conclusão: Os aneurismas micóticos das carótidas são raros e o diagnóstico pode ser difícil. O seu tratamento implica restituição do inflow carotídeo e remoção do tecido infetado, pelo que a utilização de enxertos autólogos é a estratégia preferida. Apesar das técnicas endovasculares poderem ser usadas em casos selecionados, deve ser considerada a possibilidade de o material protésico ser um nicho para crescimento bacteriano. A morbimortalidade poderá ser maior que a descrita no presente trabalho pelo viés de publicação.
publisher Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular
publishDate 2020
url http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2020000400290
work_keys_str_mv AT limapedro aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
AT moreiramario aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
AT correiamafalda aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
AT pereirabarbara aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
AT silvajoana aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
AT constanciovania aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
AT goncalvesanabela aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
AT fonsecamanuel aneurismasmicoticosdascarotidasextracranianasrevisaosistematicadaliteratura
_version_ 1756003352875892736