Alterações renais nas doenças falciformes
A doença falciforme associa-se a anormalidades renais estruturais glomerulares e tubulares, alterações hemodinâmicas e da síntese dos hormônios renais (eritropoetina, renina e prostaglandinas). Estas se iniciam na infância, em conseqüência da anemia crônica, fluxo sangüíneo aumentado, e eventos de veno-oclusão intraparenquimatosos, principalmente na medular renal. Na doença SS, a taxa de filtração glomerular encontra-se elevada desde os primeiros anos de vida e decresce com a idade. Decorrente de anormalidade tubular distal está a hipostenúria com as manifestações clínicas de poliúria, noctúria, enurese e susceptibilidade a desidratação, diminuição da capacidade de acidificar urina e excretar potássio. As anormalidades de túbulo proximal se traduzem por secreção aumentada de creatinina e ácido úrico, reabsorção aumentada de fosfatos e b2-microglobulina. A hipersecreção de creatinina superestima a taxa de filtração glomerular (FG), tornando o clearance de creatinina impróprio como detector precoce da deterioração da função renal. A proteinúria ocorre em 29%-50% dos pacientes acima de 10 anos de idade; 2/3 destes evoluem para insuficiência renal crônica de evolução ruim. A literatura apresenta benefícios consistentes com o uso de inibidores de enzimas conversoras de angiotensina (IECA) na redução da proteinúria, que talvez tenha impacto na progressão da insuficiência renal. Microalbuminúria (MA) é um marcador sensível da glomerulopatia falcêmica que precede a proteinúria. Na população pediátrica documenta-se prevalência de 19%, estando associado com idade, síndrome torácica aguda, níveis de Hb baixos e altas de leucometrias. Recomenda-se screening para MA a partir de 10 anos de idade. Em andamento estudo multicêntrico com uso precoce de hidroxiuréia na prevenção das lesões orgânicas crônicas (Baby HUG).
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e Terapia Celular
2007
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842007000300017 |
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Summary: | A doença falciforme associa-se a anormalidades renais estruturais glomerulares e tubulares, alterações hemodinâmicas e da síntese dos hormônios renais (eritropoetina, renina e prostaglandinas). Estas se iniciam na infância, em conseqüência da anemia crônica, fluxo sangüíneo aumentado, e eventos de veno-oclusão intraparenquimatosos, principalmente na medular renal. Na doença SS, a taxa de filtração glomerular encontra-se elevada desde os primeiros anos de vida e decresce com a idade. Decorrente de anormalidade tubular distal está a hipostenúria com as manifestações clínicas de poliúria, noctúria, enurese e susceptibilidade a desidratação, diminuição da capacidade de acidificar urina e excretar potássio. As anormalidades de túbulo proximal se traduzem por secreção aumentada de creatinina e ácido úrico, reabsorção aumentada de fosfatos e b2-microglobulina. A hipersecreção de creatinina superestima a taxa de filtração glomerular (FG), tornando o clearance de creatinina impróprio como detector precoce da deterioração da função renal. A proteinúria ocorre em 29%-50% dos pacientes acima de 10 anos de idade; 2/3 destes evoluem para insuficiência renal crônica de evolução ruim. A literatura apresenta benefícios consistentes com o uso de inibidores de enzimas conversoras de angiotensina (IECA) na redução da proteinúria, que talvez tenha impacto na progressão da insuficiência renal. Microalbuminúria (MA) é um marcador sensível da glomerulopatia falcêmica que precede a proteinúria. Na população pediátrica documenta-se prevalência de 19%, estando associado com idade, síndrome torácica aguda, níveis de Hb baixos e altas de leucometrias. Recomenda-se screening para MA a partir de 10 anos de idade. Em andamento estudo multicêntrico com uso precoce de hidroxiuréia na prevenção das lesões orgânicas crônicas (Baby HUG). |
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