Conversando sobre política na situação psicoterapêutica
Neste trabalho, é analisada a intervenção clínica sobre o material político apresentado na situação terapêutica, buscando-se compreender as relações existentes entre desenvolvimento psicológico e desenvolvimento político da personalidade. Utilizou-se a metodologia qualitativa: 24 terapeutas de São Paulo e Brasília, de ambos os sexos e diferentes orientações clínicas, responderam a um questionário, e 7 deles participaram de grupo focal sobre o tema clínica e política. Os terapeutas lidam com material político de maneira preferencialmente simbólica/interpretativa, muitas vezes associada a certa maneira realista de considerar o tema. O desenvolvimento político da pessoa é percebido como decorrente do desenvolvimento psicológico ou, então, favorecido por este, mas não ocorrendo necessariamente. Engajamentos políticos são vistos freqüentemente como sintomas de mau-funcionamento psíquico, e os terapeutas não identificam as vivências sociopolíticas como estímulos ao desenvolvimento psíquico. Confirma-se a existência de uma cisão entre a face pública da profissão, que se apresenta apolítica, e a face privada, representada por profissionais que vivem engajamentos sociopolíticos. Sugere-se o aprofundamento dos estudos sobre as relações entre o desenvolvimento psicológico e o desenvolvimento político da personalidade para subsidiar as abordagens psicoterapêuticas no manejo de material político.
Main Author: | |
---|---|
Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Conselho Federal de Psicologia
2009
|
Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200011 |
Tags: |
Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
|
Summary: | Neste trabalho, é analisada a intervenção clínica sobre o material político apresentado na situação terapêutica, buscando-se compreender as relações existentes entre desenvolvimento psicológico e desenvolvimento político da personalidade. Utilizou-se a metodologia qualitativa: 24 terapeutas de São Paulo e Brasília, de ambos os sexos e diferentes orientações clínicas, responderam a um questionário, e 7 deles participaram de grupo focal sobre o tema clínica e política. Os terapeutas lidam com material político de maneira preferencialmente simbólica/interpretativa, muitas vezes associada a certa maneira realista de considerar o tema. O desenvolvimento político da pessoa é percebido como decorrente do desenvolvimento psicológico ou, então, favorecido por este, mas não ocorrendo necessariamente. Engajamentos políticos são vistos freqüentemente como sintomas de mau-funcionamento psíquico, e os terapeutas não identificam as vivências sociopolíticas como estímulos ao desenvolvimento psíquico. Confirma-se a existência de uma cisão entre a face pública da profissão, que se apresenta apolítica, e a face privada, representada por profissionais que vivem engajamentos sociopolíticos. Sugere-se o aprofundamento dos estudos sobre as relações entre o desenvolvimento psicológico e o desenvolvimento político da personalidade para subsidiar as abordagens psicoterapêuticas no manejo de material político. |
---|