Políticas educacionais contemporâneas: tecnologias, imaginários e regimes éticos
Inspirado em um conjunto de estudos que problematizam o caráter global das reformas educacionais desde os anos de 1990 e nos estudos de Michel Foucault acerca do discurso e da governamentalidade, o artigo examina a racionalidade que tem pautado as atuais reformas educacionais, destacando suas principais tecnologias de governo e relações com a produção de imaginários sociais e regimes éticos dos indivíduos. A título de ilustração, apresenta enunciados dispersos em documentos oficiais produzidos no Brasil ou que apontam, de modo exógeno, para as formas de identidade e atuação desejadas para o sujeito econômico, político e educacional. Argumenta que os imaginários e os regimes do eu promovidos pelos discursos educacionais oficiais, no Brasil, têm um caráter híbrido, aliando preocupações economicistas e "cosmopolitas" a demandas locais, marcadas pela necessidade de justiça e igualdade social. Conclui que o discurso das reformas e de promoção da qualidade da educação vem sendo tomado de empréstimo para justificar o movimento de reorganização do Estado brasileiro em bases gerencialistas, não modificando substancialmente as condições de desigualdade educacional entre jovens oriundos de diferentes classes sociais.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
2010
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782010000300004 |
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Summary: | Inspirado em um conjunto de estudos que problematizam o caráter global das reformas educacionais desde os anos de 1990 e nos estudos de Michel Foucault acerca do discurso e da governamentalidade, o artigo examina a racionalidade que tem pautado as atuais reformas educacionais, destacando suas principais tecnologias de governo e relações com a produção de imaginários sociais e regimes éticos dos indivíduos. A título de ilustração, apresenta enunciados dispersos em documentos oficiais produzidos no Brasil ou que apontam, de modo exógeno, para as formas de identidade e atuação desejadas para o sujeito econômico, político e educacional. Argumenta que os imaginários e os regimes do eu promovidos pelos discursos educacionais oficiais, no Brasil, têm um caráter híbrido, aliando preocupações economicistas e "cosmopolitas" a demandas locais, marcadas pela necessidade de justiça e igualdade social. Conclui que o discurso das reformas e de promoção da qualidade da educação vem sendo tomado de empréstimo para justificar o movimento de reorganização do Estado brasileiro em bases gerencialistas, não modificando substancialmente as condições de desigualdade educacional entre jovens oriundos de diferentes classes sociais. |
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