Enteroscopia por vídeo-cápsula na prática clínica: Experiência dos primeiros 5 anos e 528 exames de um Centro Hospitalar e revisão da literatura
INTRODUÇÃO: A enteroscopia por vídeo-cápsula revolucionou o diagnóstico da patologia do intestino delgado nos últimos 10 anos. No nosso Centro Hospitalar, esta técnica foi introduzida no início de 2006. OBJECTIVOS: Rever a nossa experiência, dos primeiros 5 anos, de utilização desta técnica tendo em conta as indicações, diagnósticos, limitações e complicações, numa amostra aberta, da prática clínica quotidiana. MÉTODOS: Recolhemos retrospectivamente dados técnicos, indicações, diagnósticos e complicações de todos os exames realizados entre Janeiro de 2006 e Dezembro de 2010 seguido de análise estatística descritiva dos dados obtidos. RESULTADOS: Realizaram-se 528 exames (PillCam SB®, Given Imaging, Yoqneam, Israel) em 488 doentes (56% mulheres) com média de idades de 60 ± 19 [14-95] anos. Os tempos de trânsito gástrico e no intestino delgado foram de 34,6 ± 49,6 [0-480] e de 252,3 ± 87,7 [15-530] minutos. O cego não foi alcançado em 13% dos casos (por limite da gravação em 10,4%). As principais indicações do exame foram a hemorragia digestiva obscura (70,3%; 2/3 anemia ferropénica) e a doença de Crohn (14,6%; quase 2/3 por suspeita). A percentagem de achados foi de cerca de 70% na hemorragia digestiva obscura sem diferença importante entre as formas manifesta e a oculta, apesar de achados mais relevantes na primeira. Diagnosticaram-se angiectasias em 50,6% e erosões/úlceras em 32% do total de casos nesta indicação. Em 13,7% dos casos a causa poderia ser atribuída a lesão ao alcance da endoscopia. A percentagem de achados foi de cerca de 32% na suspeita de doença de Crohn. Ocorreram duas retenções por estenoses do intestino delgado com necessidade de cirurgia. DISCUSSÃO: A enteroscopia por vídeo-cápsula revelou-se um exame seguro e com elevada taxa de detecção de lesões, em particular nos doentes com hemorragia digestiva obscura, mesmo numa série da prática clínica diária e com predomínio da indicação de anemia ferropénica. Há elevada percentagem de lesões ao alcance do endoscópio, reforçando-se que deve haver um baixo limiar para repetir os exames endoscópicos convencionais. Na suspeita de doença de Crohn a detecção de lesões relevantes no contexto clínico foi baixa, podendo-se eventualmente melhorar os critérios de selecção destes doentes
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Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia
2012
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oai:scielo:S0872-817820120001000032013-01-17Enteroscopia por vídeo-cápsula na prática clínica: Experiência dos primeiros 5 anos e 528 exames de um Centro Hospitalar e revisão da literaturaBarreiro,PedroCouto,GilbertoHerculano,RitaBispo,MiguelChagas,CristinaMatos,Leopoldo Enteroscopia por vídeo-cápsula hemorragia digestiva obscura doença de Crohn INTRODUÇÃO: A enteroscopia por vídeo-cápsula revolucionou o diagnóstico da patologia do intestino delgado nos últimos 10 anos. No nosso Centro Hospitalar, esta técnica foi introduzida no início de 2006. OBJECTIVOS: Rever a nossa experiência, dos primeiros 5 anos, de utilização desta técnica tendo em conta as indicações, diagnósticos, limitações e complicações, numa amostra aberta, da prática clínica quotidiana. MÉTODOS: Recolhemos retrospectivamente dados técnicos, indicações, diagnósticos e complicações de todos os exames realizados entre Janeiro de 2006 e Dezembro de 2010 seguido de análise estatística descritiva dos dados obtidos. RESULTADOS: Realizaram-se 528 exames (PillCam SB®, Given Imaging, Yoqneam, Israel) em 488 doentes (56% mulheres) com média de idades de 60 ± 19 [14-95] anos. Os tempos de trânsito gástrico e no intestino delgado foram de 34,6 ± 49,6 [0-480] e de 252,3 ± 87,7 [15-530] minutos. O cego não foi alcançado em 13% dos casos (por limite da gravação em 10,4%). As principais indicações do exame foram a hemorragia digestiva obscura (70,3%; 2/3 anemia ferropénica) e a doença de Crohn (14,6%; quase 2/3 por suspeita). A percentagem de achados foi de cerca de 70% na hemorragia digestiva obscura sem diferença importante entre as formas manifesta e a oculta, apesar de achados mais relevantes na primeira. Diagnosticaram-se angiectasias em 50,6% e erosões/úlceras em 32% do total de casos nesta indicação. Em 13,7% dos casos a causa poderia ser atribuída a lesão ao alcance da endoscopia. A percentagem de achados foi de cerca de 32% na suspeita de doença de Crohn. Ocorreram duas retenções por estenoses do intestino delgado com necessidade de cirurgia. DISCUSSÃO: A enteroscopia por vídeo-cápsula revelou-se um exame seguro e com elevada taxa de detecção de lesões, em particular nos doentes com hemorragia digestiva obscura, mesmo numa série da prática clínica diária e com predomínio da indicação de anemia ferropénica. Há elevada percentagem de lesões ao alcance do endoscópio, reforçando-se que deve haver um baixo limiar para repetir os exames endoscópicos convencionais. Na suspeita de doença de Crohn a detecção de lesões relevantes no contexto clínico foi baixa, podendo-se eventualmente melhorar os critérios de selecção destes doentesinfo:eu-repo/semantics/openAccessSociedade Portuguesa de GastrenterologiaJornal Português de Gastrenterologia v.19 n.1 20122012-01-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-81782012000100003pt |
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