Infeção por SARS-CoV-2 nos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X
RESUMO Fundamentos: A patogénese da infeção por SARS-CoV-2 tem sido extensamente investigada, constituindo um desafio à escala global. É sabido que a eficiência da resposta da imunidade inata e adquirida à infeção por SARS-CoV-2 condiciona a gravidade da apresentação clínica. É ainda escassa a literatura sobre a evolução da infeção por SARS-CoV-2 nos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X. Objetivo: Reportar o espetro de manifestações clínicas associadas à infeção por SARS-CoV-2 em doentes com agamaglobulinemia ligada ao X e sua gravidade. Métodos: Estudo observacional retrospetivo dos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X em seguimento num hospital terciário e com infeção por SARS-CoV-2, diagnosticada entre março de 2020 e julho de 2022. Resultados: De um total de 13 doentes em seguimento com agamaglobulinemia ligada ao X, foram incluídos 9, com média de idades de 32±6,1 anos, entre os quais se identificaram 2 doentes com uma segunda infeção por SARS-CoV-2 durante o período em estudo. Todos os doentes estavam sob terapêutica de substituição com imunoglobulina polivalente G. Sete doentes apresentavam fatores de risco para doença COVID-19 grave: bronquiectasias (n=5), diabetes insulinodependente (n=1), tabagismo ativo (n=1), obesidade (n=1), doença cerebrovascular (n=1) e terapêutica imunossupressora (n=1). A infeção associou-se a manifestações clínicas de baixa gravidade na maioria dos doentes (infeção assintomática n=1, ligeira n=9, moderada n=1). Os sistemas mais afetados foram as vias áreas superiores (n=6) e inferiores (n=5), sendo a febre (n=7) e a obstrução nasal (n=6) as manifestações mais frequentes. Registou-se sobreinfeção bacteriana em 4 doentes. Um doente apresentou COVID-19 de gravidade moderada e duração prolongada, possivelmente em relação com comorbilidades médicas, tendo apresentado um curso clínico favorável com a administração de plasma de convalescentes. Conclusão: Reporta-se nesta série de doentes com agamaglobulinemia ligada ao X elevada prevalência de infeção por SARS-CoV-2, destacando-se a evolução de gravidade ligeira na quase totalidade dos doentes.
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Format: | Digital revista |
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Published: |
Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
2023
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oai:scielo:S0871-972120230003002172023-10-23Infeção por SARS-CoV-2 nos doentes com agamaglobulinemia ligada ao XVarandas,CláudiaPresa,Ana RitaFerreira,Ruben DuarteSilva,Sara P.Silva,Susana L. Agamaglobulinemia ligada ao X COVID-19 SARS-CoV-2 RESUMO Fundamentos: A patogénese da infeção por SARS-CoV-2 tem sido extensamente investigada, constituindo um desafio à escala global. É sabido que a eficiência da resposta da imunidade inata e adquirida à infeção por SARS-CoV-2 condiciona a gravidade da apresentação clínica. É ainda escassa a literatura sobre a evolução da infeção por SARS-CoV-2 nos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X. Objetivo: Reportar o espetro de manifestações clínicas associadas à infeção por SARS-CoV-2 em doentes com agamaglobulinemia ligada ao X e sua gravidade. Métodos: Estudo observacional retrospetivo dos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X em seguimento num hospital terciário e com infeção por SARS-CoV-2, diagnosticada entre março de 2020 e julho de 2022. Resultados: De um total de 13 doentes em seguimento com agamaglobulinemia ligada ao X, foram incluídos 9, com média de idades de 32±6,1 anos, entre os quais se identificaram 2 doentes com uma segunda infeção por SARS-CoV-2 durante o período em estudo. Todos os doentes estavam sob terapêutica de substituição com imunoglobulina polivalente G. Sete doentes apresentavam fatores de risco para doença COVID-19 grave: bronquiectasias (n=5), diabetes insulinodependente (n=1), tabagismo ativo (n=1), obesidade (n=1), doença cerebrovascular (n=1) e terapêutica imunossupressora (n=1). A infeção associou-se a manifestações clínicas de baixa gravidade na maioria dos doentes (infeção assintomática n=1, ligeira n=9, moderada n=1). Os sistemas mais afetados foram as vias áreas superiores (n=6) e inferiores (n=5), sendo a febre (n=7) e a obstrução nasal (n=6) as manifestações mais frequentes. Registou-se sobreinfeção bacteriana em 4 doentes. Um doente apresentou COVID-19 de gravidade moderada e duração prolongada, possivelmente em relação com comorbilidades médicas, tendo apresentado um curso clínico favorável com a administração de plasma de convalescentes. Conclusão: Reporta-se nesta série de doentes com agamaglobulinemia ligada ao X elevada prevalência de infeção por SARS-CoV-2, destacando-se a evolução de gravidade ligeira na quase totalidade dos doentes.info:eu-repo/semantics/openAccessSociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia ClínicaRevista Portuguesa de Imunoalergologia v.31 n.3 20232023-09-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212023000300217pt10.32932/rpia.2023.08.117 |
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RESUMO Fundamentos: A patogénese da infeção por SARS-CoV-2 tem sido extensamente investigada, constituindo um desafio à escala global. É sabido que a eficiência da resposta da imunidade inata e adquirida à infeção por SARS-CoV-2 condiciona a gravidade da apresentação clínica. É ainda escassa a literatura sobre a evolução da infeção por SARS-CoV-2 nos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X. Objetivo: Reportar o espetro de manifestações clínicas associadas à infeção por SARS-CoV-2 em doentes com agamaglobulinemia ligada ao X e sua gravidade. Métodos: Estudo observacional retrospetivo dos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X em seguimento num hospital terciário e com infeção por SARS-CoV-2, diagnosticada entre março de 2020 e julho de 2022. Resultados: De um total de 13 doentes em seguimento com agamaglobulinemia ligada ao X, foram incluídos 9, com média de idades de 32±6,1 anos, entre os quais se identificaram 2 doentes com uma segunda infeção por SARS-CoV-2 durante o período em estudo. Todos os doentes estavam sob terapêutica de substituição com imunoglobulina polivalente G. Sete doentes apresentavam fatores de risco para doença COVID-19 grave: bronquiectasias (n=5), diabetes insulinodependente (n=1), tabagismo ativo (n=1), obesidade (n=1), doença cerebrovascular (n=1) e terapêutica imunossupressora (n=1). A infeção associou-se a manifestações clínicas de baixa gravidade na maioria dos doentes (infeção assintomática n=1, ligeira n=9, moderada n=1). Os sistemas mais afetados foram as vias áreas superiores (n=6) e inferiores (n=5), sendo a febre (n=7) e a obstrução nasal (n=6) as manifestações mais frequentes. Registou-se sobreinfeção bacteriana em 4 doentes. Um doente apresentou COVID-19 de gravidade moderada e duração prolongada, possivelmente em relação com comorbilidades médicas, tendo apresentado um curso clínico favorável com a administração de plasma de convalescentes. Conclusão: Reporta-se nesta série de doentes com agamaglobulinemia ligada ao X elevada prevalência de infeção por SARS-CoV-2, destacando-se a evolução de gravidade ligeira na quase totalidade dos doentes. |
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