Reações anafiláticas em crianças admitidas numa Unidade de urgência pediátrica
A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade sistémica, de início súbito, clínica e gravidade variáveis, cujo diagnóstico é clínico. Sendo uma emergência médica, é um desafio diagnóstico, particularmente em pediatria. Os autores realizaram um estudo retrospetivo com consulta dos processos clínicos das 38 978 crianças admitidas num serviço de urgência pediátrica hospitalar (SUPH) de 01/01/2010 e 31/12/2014, com o objetivo de calcular a incidência e caracterizar a população e as reações anafiláticas. Dos processos analisados identificaram-se 27 episódios de anafilaxia em 24 crianças: 54 % do sexo feminino; média de idade 5,5 anos. A incidência foi de 69,2/100 000, em 5 anos, tratando-se do primeiro episódio em 10 crianças. Clinicamente todas as crianças apresentaram envolvimento cutâneo e 74 % respiratório, 33 % gastrointestinal e 15 % cardiovascular. Em 63 % das reações os alimentos foram a causa identificada, em 11 % a picada de himenóptero e em 7 % a aplicação de produtos cutâneos. As opções terapêuticas foram: 93 % anti-histamínicos H1, 89 % corticoides, 70 % oxigénio suplementar, 59 % adrenalina, 44 % salbutamol inalado e 27 % soro fisiológico, em diferentes associações. Em dez episódios houve necessidade de internamento. Onze crianças (46 %) foram referenciadas à consulta de imunoalergologia. Não se verificaram óbitos. A anafilaxia é causa rara de recurso ao SU, sendo a alergia alimentar a causa mais comum no grupo analisado. Apenas em 59 % dos casos houve administração de adrenalina, sendo que as recomendações internacionais advogam o seu uso precoce em todos os casos. Menos de metade das crianças foram referenciadas à consulta de imunoalergologia, atitude que impossibilita a investigação para diagnóstico etiológico e o desenho de um plano de prevenção e terapêutica adequado
Main Authors: | , , , , , |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
2017
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Online Access: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212017000100004 |
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Summary: | A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade sistémica, de início súbito, clínica e gravidade variáveis, cujo diagnóstico é clínico. Sendo uma emergência médica, é um desafio diagnóstico, particularmente em pediatria. Os autores realizaram um estudo retrospetivo com consulta dos processos clínicos das 38 978 crianças admitidas num serviço de urgência pediátrica hospitalar (SUPH) de 01/01/2010 e 31/12/2014, com o objetivo de calcular a incidência e caracterizar a população e as reações anafiláticas. Dos processos analisados identificaram-se 27 episódios de anafilaxia em 24 crianças: 54 % do sexo feminino; média de idade 5,5 anos. A incidência foi de 69,2/100 000, em 5 anos, tratando-se do primeiro episódio em 10 crianças. Clinicamente todas as crianças apresentaram envolvimento cutâneo e 74 % respiratório, 33 % gastrointestinal e 15 % cardiovascular. Em 63 % das reações os alimentos foram a causa identificada, em 11 % a picada de himenóptero e em 7 % a aplicação de produtos cutâneos. As opções terapêuticas foram: 93 % anti-histamínicos H1, 89 % corticoides, 70 % oxigénio suplementar, 59 % adrenalina, 44 % salbutamol inalado e 27 % soro fisiológico, em diferentes associações. Em dez episódios houve necessidade de internamento. Onze crianças (46 %) foram referenciadas à consulta de imunoalergologia. Não se verificaram óbitos. A anafilaxia é causa rara de recurso ao SU, sendo a alergia alimentar a causa mais comum no grupo analisado. Apenas em 59 % dos casos houve administração de adrenalina, sendo que as recomendações internacionais advogam o seu uso precoce em todos os casos. Menos de metade das crianças foram referenciadas à consulta de imunoalergologia, atitude que impossibilita a investigação para diagnóstico etiológico e o desenho de um plano de prevenção e terapêutica adequado |
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