Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de Imunoalergologia

Introdução: A asma complica frequentemente a gravidez, sendo a evolução individual imprevisível. O objectivo deste estudo foi avaliar a evolução e controlo da asma em grávidas seguidas em consulta de Imunoalergologia. >Métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos de asmáticas seguidas durante a gravidez em consulta de Imunoalergologia, observadas mensalmente e com realização de espirometria, FeNO (fracção de óxido nítrico no ar exalado) e questionário ACT®. Realizou-se análise subjectiva da evolução ao longo da gravidez (melhoria, manutenção, agravamento), tendo em conta os dados anteriores, sintomatologia, medicação de alívio, recurso à urgência, corticoterapia sistémica e alteração terapêutica. Resultados: Foram incluídas 26 grávidas asmáticas (76,9% com rinite; 73,1% atópicas), entre os 18 e 36 anos (média: 27,6 ± 4,9 anos). Nos três trimestres da gravidez e no período pós-parto (PP), a maioria das grávidas apresentou função pulmonar normal (FEV1 >80%). A probabilidade de inflamação brônquica (avaliação pelo FeNO) foi diminuindo ao longo da gravidez e PP. O ACT mostrou total controlo da asma em apenas 28,6% no primeiro trimestre, 22,2% no segundo e 30% no terveiro trimestre. Para cada avaliação, correlacionou-se FEV1, FeNO e ACT (correlação significativa entre FeNO/ACT no segundo trimestre, p=0,028). Subjectivamente verificou-se que, no primeiro trimestre, a maioria (55,6%) das grávidas agravou; no segundo e terceiro trimestre e PP a maioria permaneceu estável (52,4%, 62,5% e 57,1%, respectivamente). Seis grávidas (23,1%) necessitaram de avaliação urgente e quatro de corticoterapia sistémica. Na avaliação global, uma grávida (3,85%) melhorou ao longo de toda a gravidez, enquanto 11 (42,3%) pioraram. Conclusões: Este estudo vem confirmar que a asma pode complicar, de forma imprevisível, a gravidez. Mesmo grávidas seguidas regularmente em consulta apresentaram evoluções variadas, com exacerbações e necessidade de ajuste terapêutico. É assim reforçada a necessidade de um seguimento regular da grávida asmática em consulta especializada para manter um maior controlo da asma, de forma a evitar as complicações fetais daí resultantes.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Leblanc,Ana, Castro,Eunice Dias de
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica 2013
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212013000200005
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
id oai:scielo:S0871-97212013000200005
record_format ojs
spelling oai:scielo:S0871-972120130002000052013-10-28Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de ImunoalergologiaLeblanc,AnaCastro,Eunice Dias de Asma controlo exacerbação gravidez Asthma Introdução: A asma complica frequentemente a gravidez, sendo a evolução individual imprevisível. O objectivo deste estudo foi avaliar a evolução e controlo da asma em grávidas seguidas em consulta de Imunoalergologia. >Métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos de asmáticas seguidas durante a gravidez em consulta de Imunoalergologia, observadas mensalmente e com realização de espirometria, FeNO (fracção de óxido nítrico no ar exalado) e questionário ACT®. Realizou-se análise subjectiva da evolução ao longo da gravidez (melhoria, manutenção, agravamento), tendo em conta os dados anteriores, sintomatologia, medicação de alívio, recurso à urgência, corticoterapia sistémica e alteração terapêutica. Resultados: Foram incluídas 26 grávidas asmáticas (76,9% com rinite; 73,1% atópicas), entre os 18 e 36 anos (média: 27,6 ± 4,9 anos). Nos três trimestres da gravidez e no período pós-parto (PP), a maioria das grávidas apresentou função pulmonar normal (FEV1 >80%). A probabilidade de inflamação brônquica (avaliação pelo FeNO) foi diminuindo ao longo da gravidez e PP. O ACT mostrou total controlo da asma em apenas 28,6% no primeiro trimestre, 22,2% no segundo e 30% no terveiro trimestre. Para cada avaliação, correlacionou-se FEV1, FeNO e ACT (correlação significativa entre FeNO/ACT no segundo trimestre, p=0,028). Subjectivamente verificou-se que, no primeiro trimestre, a maioria (55,6%) das grávidas agravou; no segundo e terceiro trimestre e PP a maioria permaneceu estável (52,4%, 62,5% e 57,1%, respectivamente). Seis grávidas (23,1%) necessitaram de avaliação urgente e quatro de corticoterapia sistémica. Na avaliação global, uma grávida (3,85%) melhorou ao longo de toda a gravidez, enquanto 11 (42,3%) pioraram. Conclusões: Este estudo vem confirmar que a asma pode complicar, de forma imprevisível, a gravidez. Mesmo grávidas seguidas regularmente em consulta apresentaram evoluções variadas, com exacerbações e necessidade de ajuste terapêutico. É assim reforçada a necessidade de um seguimento regular da grávida asmática em consulta especializada para manter um maior controlo da asma, de forma a evitar as complicações fetais daí resultantes.info:eu-repo/semantics/openAccessSociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia ClínicaRevista Portuguesa de Imunoalergologia v.21 n.2 20132013-04-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212013000200005pt
institution SCIELO
collection OJS
country Portugal
countrycode PT
component Revista
access En linea
databasecode rev-scielo-pt
tag revista
region Europa del Sur
libraryname SciELO
language Portuguese
format Digital
author Leblanc,Ana
Castro,Eunice Dias de
spellingShingle Leblanc,Ana
Castro,Eunice Dias de
Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de Imunoalergologia
author_facet Leblanc,Ana
Castro,Eunice Dias de
author_sort Leblanc,Ana
title Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de Imunoalergologia
title_short Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de Imunoalergologia
title_full Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de Imunoalergologia
title_fullStr Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de Imunoalergologia
title_full_unstemmed Avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de Imunoalergologia
title_sort avaliação da evolução e controlo da asma em grávidas num serviço de imunoalergologia
description Introdução: A asma complica frequentemente a gravidez, sendo a evolução individual imprevisível. O objectivo deste estudo foi avaliar a evolução e controlo da asma em grávidas seguidas em consulta de Imunoalergologia. >Métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos de asmáticas seguidas durante a gravidez em consulta de Imunoalergologia, observadas mensalmente e com realização de espirometria, FeNO (fracção de óxido nítrico no ar exalado) e questionário ACT®. Realizou-se análise subjectiva da evolução ao longo da gravidez (melhoria, manutenção, agravamento), tendo em conta os dados anteriores, sintomatologia, medicação de alívio, recurso à urgência, corticoterapia sistémica e alteração terapêutica. Resultados: Foram incluídas 26 grávidas asmáticas (76,9% com rinite; 73,1% atópicas), entre os 18 e 36 anos (média: 27,6 ± 4,9 anos). Nos três trimestres da gravidez e no período pós-parto (PP), a maioria das grávidas apresentou função pulmonar normal (FEV1 >80%). A probabilidade de inflamação brônquica (avaliação pelo FeNO) foi diminuindo ao longo da gravidez e PP. O ACT mostrou total controlo da asma em apenas 28,6% no primeiro trimestre, 22,2% no segundo e 30% no terveiro trimestre. Para cada avaliação, correlacionou-se FEV1, FeNO e ACT (correlação significativa entre FeNO/ACT no segundo trimestre, p=0,028). Subjectivamente verificou-se que, no primeiro trimestre, a maioria (55,6%) das grávidas agravou; no segundo e terceiro trimestre e PP a maioria permaneceu estável (52,4%, 62,5% e 57,1%, respectivamente). Seis grávidas (23,1%) necessitaram de avaliação urgente e quatro de corticoterapia sistémica. Na avaliação global, uma grávida (3,85%) melhorou ao longo de toda a gravidez, enquanto 11 (42,3%) pioraram. Conclusões: Este estudo vem confirmar que a asma pode complicar, de forma imprevisível, a gravidez. Mesmo grávidas seguidas regularmente em consulta apresentaram evoluções variadas, com exacerbações e necessidade de ajuste terapêutico. É assim reforçada a necessidade de um seguimento regular da grávida asmática em consulta especializada para manter um maior controlo da asma, de forma a evitar as complicações fetais daí resultantes.
publisher Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
publishDate 2013
url http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212013000200005
work_keys_str_mv AT leblancana avaliacaodaevolucaoecontrolodaasmaemgravidasnumservicodeimunoalergologia
AT castroeunicediasde avaliacaodaevolucaoecontrolodaasmaemgravidasnumservicodeimunoalergologia
_version_ 1756001630192402432