Narrar o mundo: estórias do "povo da rua" e a narração do imprevisível

Enquanto narrativas podem ser pensadas como produtoras de "ordenamentos" e como manifestações simbólicas de formas ideológicas, por outro lado, podemos também enfatizar a dimensão poética da narrativa, apontando a produção de significados e a proliferação de signos mediados pelo ato de narrar o mundo. A partir desta perspectiva teórica, este ensaio busca explorar as muitas estórias sobre os chamados espíritos do "povo da rua", enfatizando a dimensão performativa da narrativa. Contadas por "clientes", "filhos-de-santo" e pelos próprios "espíritos", tais narrativas não são meramente simbólicas ou representativas, mas também constitutivas do próprio "poder sobrenatural" tido como inerente aos espíritos. Mais do que narrar uma "realidade" supostamente exterior a elas, as estórias tornam-se parte inextricável da "realidade" que narram. Ao deslocar o foco para além dos rituais demarcados espacial e temporalmente, a narrativa etnográfica busca aqui articular um espaço interpretativo onde se possa evocar a socialidade do narrar o mundo.

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Bibliographic Details
Main Author: Cardoso,Vânia Zikán
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS-Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 2007
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132007000200002
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spelling oai:scielo:S0104-931320070002000022008-01-15Narrar o mundo: estórias do "povo da rua" e a narração do imprevisívelCardoso,Vânia Zikán Narrativa Poética Representação etnográfica Religiões afro-brasileiras Performance Enquanto narrativas podem ser pensadas como produtoras de "ordenamentos" e como manifestações simbólicas de formas ideológicas, por outro lado, podemos também enfatizar a dimensão poética da narrativa, apontando a produção de significados e a proliferação de signos mediados pelo ato de narrar o mundo. A partir desta perspectiva teórica, este ensaio busca explorar as muitas estórias sobre os chamados espíritos do "povo da rua", enfatizando a dimensão performativa da narrativa. Contadas por "clientes", "filhos-de-santo" e pelos próprios "espíritos", tais narrativas não são meramente simbólicas ou representativas, mas também constitutivas do próprio "poder sobrenatural" tido como inerente aos espíritos. Mais do que narrar uma "realidade" supostamente exterior a elas, as estórias tornam-se parte inextricável da "realidade" que narram. Ao deslocar o foco para além dos rituais demarcados espacial e temporalmente, a narrativa etnográfica busca aqui articular um espaço interpretativo onde se possa evocar a socialidade do narrar o mundo.info:eu-repo/semantics/openAccessPrograma de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS-Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJMana v.13 n.2 20072007-10-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132007000200002pt10.1590/S0104-93132007000200002
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