A gênese social do homo-economicus: a Argélia e a sociologia da economia em Pierre Bourdieu
O artigo se propõe a mostrar que o interesse de P. Bourdieu pelas questões econômicas já estava presente desde seus primeiros trabalhos - sobre o processo de adaptação ao capitalismo das populações autóctones na Argélia - nos quais já se encontram as formas mais elaboradas de uma sociologia da economia. Nesses trabalhos, fortemente ancorados em uma pesquisa realizada na mesma época sobre o celibato e a crise da reprodução camponesa no Béarn, sua região de origem, P. Bourdieu opõe-se radicalmente à concepção da teoria neoclássica, e demonstra que as disposições econômicas mais fundamentais - necessidades, preferências, propensões ao trabalho, à poupança e ao investimento - não são exógenas, colocando em evidência as condições sócio-históricas do comportamento econômico racional. Tais trabalhos revelaram-se essenciais para todas as pesquisas posteriores como fontes de questões a serem examinadas, como matrizes de inovações conceituais e como posturas teóricas posteriormente afirmadas.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS-Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
2006
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132006000200004 |
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Summary: | O artigo se propõe a mostrar que o interesse de P. Bourdieu pelas questões econômicas já estava presente desde seus primeiros trabalhos - sobre o processo de adaptação ao capitalismo das populações autóctones na Argélia - nos quais já se encontram as formas mais elaboradas de uma sociologia da economia. Nesses trabalhos, fortemente ancorados em uma pesquisa realizada na mesma época sobre o celibato e a crise da reprodução camponesa no Béarn, sua região de origem, P. Bourdieu opõe-se radicalmente à concepção da teoria neoclássica, e demonstra que as disposições econômicas mais fundamentais - necessidades, preferências, propensões ao trabalho, à poupança e ao investimento - não são exógenas, colocando em evidência as condições sócio-históricas do comportamento econômico racional. Tais trabalhos revelaram-se essenciais para todas as pesquisas posteriores como fontes de questões a serem examinadas, como matrizes de inovações conceituais e como posturas teóricas posteriormente afirmadas. |
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