Fotografando o mundo colonial africano Moçambique, 1929
O registo fotográfico transformou-se, a partir da segunda metade do século XIX, num instrumento privilegiado de observação e de descrição do mundo. Um instrumento capaz de sugerir a realidade "objectiva" dos elementos fotografados, mas também de registar as realidades imaginadas por quem fotografa, pessoas e instituições que "encomendam" fotografias, por quem as recolhe, selecciona e organiza em álbuns ou caixas. Além de registar "realidades", as fotografias também condicionam a percepção daqueles que as visionam - os seus "públicos alvo", previamente escolhidos, ou outros públicos, mais espontâneos, difusos ou até imprevistos. Nesse sentido, com maior ou menor intencionalidade e com diferentes graus de "sucesso", as fotografias são performativas, fazem parte do processo de construção e de reconstrução da ordem (natural, social) do mundo, produzem e/ou reproduzem as classificações e as identificações do espaço social. A "autoridade" do discurso fotográfico, associada à "crença espontânea" na sua veracidade, na possibilidade de registar de forma "objectiva" uma realidade autónoma, neutra, independente do sujeito que fotografa, reforça ainda mais esta sua dimensão prescritiva. O que pretendo com este texto é, partindo dos sentidos que atrás expus, ensaiar uma interpretação sobre o modo como foi organizado o mundo colonial moçambicano e classificadas as suas populações num conjunto de álbuns fotográficos dos finais da década de 20 do século XX.
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Pós-Graduação em História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais
2009
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oai:scielo:S0104-877520090001000062009-08-28Fotografando o mundo colonial africano Moçambique, 1929Silva,Ana Cristina Fonseca Nogueira da mestiçagem classificações coloniais cidadania colonial O registo fotográfico transformou-se, a partir da segunda metade do século XIX, num instrumento privilegiado de observação e de descrição do mundo. Um instrumento capaz de sugerir a realidade "objectiva" dos elementos fotografados, mas também de registar as realidades imaginadas por quem fotografa, pessoas e instituições que "encomendam" fotografias, por quem as recolhe, selecciona e organiza em álbuns ou caixas. Além de registar "realidades", as fotografias também condicionam a percepção daqueles que as visionam - os seus "públicos alvo", previamente escolhidos, ou outros públicos, mais espontâneos, difusos ou até imprevistos. Nesse sentido, com maior ou menor intencionalidade e com diferentes graus de "sucesso", as fotografias são performativas, fazem parte do processo de construção e de reconstrução da ordem (natural, social) do mundo, produzem e/ou reproduzem as classificações e as identificações do espaço social. A "autoridade" do discurso fotográfico, associada à "crença espontânea" na sua veracidade, na possibilidade de registar de forma "objectiva" uma realidade autónoma, neutra, independente do sujeito que fotografa, reforça ainda mais esta sua dimensão prescritiva. O que pretendo com este texto é, partindo dos sentidos que atrás expus, ensaiar uma interpretação sobre o modo como foi organizado o mundo colonial moçambicano e classificadas as suas populações num conjunto de álbuns fotográficos dos finais da década de 20 do século XX.info:eu-repo/semantics/openAccessPós-Graduação em História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas GeraisVaria Historia v.25 n.41 20092009-06-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752009000100006pt10.1590/S0104-87752009000100006 |
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