Conversas entre mulheres durante o exame citopatológico

Resumo Este artigo aborda conversas entre enfermeiras e mulheres, durante consultas ginecológicas para realização de exame citopatológico. Trata-se de estudo qualitativo que analisou as conversas produzidas durante consultas realizadas em três serviços de atenção básica de saúde de um município do Sul do Brasil. A análise das conversas entre enfermeiras e mulheres usuárias dos serviços foi pautada na perspectiva teórico-metodológica da fala-em-interação, abordagem em que as categorias não são definidas a priori, mas emergem a partir das interações entre os falantes. Os fenômenos interacionais de interesse são analisados a partir de excertos de conversas entre três enfermeiras e sete das 26 mulheres que buscaram os serviços de atenção básica em saúde, transcritas segundo as convenções adotadas por analistas da conversa. Por meio de análise das categorias de pertença, observou-se que nas conversas as mulheres se identificam de acordo com os papéis tradicionais de mãe e esposa. Enfermeiras e usuárias compartilham a ideia de que a sexualidade dos homens, pautada no biológico, é irrefreável, e acreditam que devem cumprir as obrigações matrimoniais de esposas, atendendo à necessidade sexual dos maridos, mesmo quando sentem desconforto e dor. Os achados desta pesquisa podem auxiliar os profissionais da saúde a refletirem criticamente acerca das interações conversacionais com as usuárias de serviços de saúde.

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Bibliographic Details
Main Authors: Meneghel,Stela Nazareth, Andrade,Daniela Pinheiro
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. 2019
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902019000200014
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Summary:Resumo Este artigo aborda conversas entre enfermeiras e mulheres, durante consultas ginecológicas para realização de exame citopatológico. Trata-se de estudo qualitativo que analisou as conversas produzidas durante consultas realizadas em três serviços de atenção básica de saúde de um município do Sul do Brasil. A análise das conversas entre enfermeiras e mulheres usuárias dos serviços foi pautada na perspectiva teórico-metodológica da fala-em-interação, abordagem em que as categorias não são definidas a priori, mas emergem a partir das interações entre os falantes. Os fenômenos interacionais de interesse são analisados a partir de excertos de conversas entre três enfermeiras e sete das 26 mulheres que buscaram os serviços de atenção básica em saúde, transcritas segundo as convenções adotadas por analistas da conversa. Por meio de análise das categorias de pertença, observou-se que nas conversas as mulheres se identificam de acordo com os papéis tradicionais de mãe e esposa. Enfermeiras e usuárias compartilham a ideia de que a sexualidade dos homens, pautada no biológico, é irrefreável, e acreditam que devem cumprir as obrigações matrimoniais de esposas, atendendo à necessidade sexual dos maridos, mesmo quando sentem desconforto e dor. Os achados desta pesquisa podem auxiliar os profissionais da saúde a refletirem criticamente acerca das interações conversacionais com as usuárias de serviços de saúde.