A gestão de si na reinvenção das normas: práticas e subjetividade no trabalho
O chão de fábrica de uma metalúrgica, longe de ser um ambiente taylorizado e absolutamente padronizador de gestos e procedimentos laborais, é constituído por operários cuja atuação cotidiana consiste, simultaneamente, na gestão de si próprios. Embora a fábrica seja composta por normas oficiais, aparentemente rígidas, de cunho operacional, de segurança e de qualidade, os operários gerem todos esses elementos conforme suas necessidades psicofísicas e escolhas valorativas possíveis. A abordagem apresentada neste artigo concebe o trabalhador enquanto sujeito, por não se restringir a mero reprodutor de tarefas, mas, antes, tentar interferir nas orientações que as regem e ajustá-las às necessidades circunstanciais. Essa postura do operário, cuja intervenção pode ser apenas ligeiramente diferente das ordens estabelecidas, repercute de maneira significativa em sua subjetividade, à medida que busca conciliar suas escolhas pessoais e culturais com as demandas e as ordens fabris. Trata-se de uma análise pautada tanto em veio teórico, notadamente o ergológico, quanto, especialmente, em achados empíricos extraídos de entrevistas efetivadas junto a operários de cinco metalúrgicas da Grande São Paulo. Ambas as esferas, teórica e empírica, comungam esforços em mostrar as atividades de chão de fábrica em uma perspectiva distanciada daquela de pura execução por operadores via operações padronizadas exogenamente. Essas atividades são, na realidade, re-formuladas, às vezes até reinventadas, e, conseqüentemente, apropriadas por sujeitos operários que re-normalizam o seu meio e, na medida do possível, singularizam seus atos de trabalho de acordo com os seus próprios usos corporais, subjetivos, valorativos e simbólicos.
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública.
2008
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oai:scielo:S0104-129020080004000122009-01-09A gestão de si na reinvenção das normas: práticas e subjetividade no trabalhoSilva,Cristiane A. Fernandes da Trabalho Saúde do trabalhador Normas Valor Gestão no trabalho O chão de fábrica de uma metalúrgica, longe de ser um ambiente taylorizado e absolutamente padronizador de gestos e procedimentos laborais, é constituído por operários cuja atuação cotidiana consiste, simultaneamente, na gestão de si próprios. Embora a fábrica seja composta por normas oficiais, aparentemente rígidas, de cunho operacional, de segurança e de qualidade, os operários gerem todos esses elementos conforme suas necessidades psicofísicas e escolhas valorativas possíveis. A abordagem apresentada neste artigo concebe o trabalhador enquanto sujeito, por não se restringir a mero reprodutor de tarefas, mas, antes, tentar interferir nas orientações que as regem e ajustá-las às necessidades circunstanciais. Essa postura do operário, cuja intervenção pode ser apenas ligeiramente diferente das ordens estabelecidas, repercute de maneira significativa em sua subjetividade, à medida que busca conciliar suas escolhas pessoais e culturais com as demandas e as ordens fabris. Trata-se de uma análise pautada tanto em veio teórico, notadamente o ergológico, quanto, especialmente, em achados empíricos extraídos de entrevistas efetivadas junto a operários de cinco metalúrgicas da Grande São Paulo. Ambas as esferas, teórica e empírica, comungam esforços em mostrar as atividades de chão de fábrica em uma perspectiva distanciada daquela de pura execução por operadores via operações padronizadas exogenamente. Essas atividades são, na realidade, re-formuladas, às vezes até reinventadas, e, conseqüentemente, apropriadas por sujeitos operários que re-normalizam o seu meio e, na medida do possível, singularizam seus atos de trabalho de acordo com os seus próprios usos corporais, subjetivos, valorativos e simbólicos.info:eu-repo/semantics/openAccessFaculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública.Saúde e Sociedade v.17 n.4 20082008-12-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902008000400012pt10.1590/S0104-12902008000400012 |
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