A clínica do luto e seus critérios diagnósticos: possíveis contribuições de Tatossian

Resumo O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) avulta a discussão do problema da diferenciação entre luto normal e complicado. Tendo por fundamento a obra de Arthur Tatossian e uma perspectiva fenomenológica do luto, temos como objetivo problematizar a clínica do luto em seu entrelaçamento com a compreensão diagnóstica. Apresenta-se a concepção de que o luto é vivido como um fenômeno intersubjetivo e como experiência de perda de um mundo partilhado que se rompe com a morte. Ao se perder um ente querido, perdem-se também uma perspectiva e uma possibilidade existencial, cabendo ao enlutado a ressignificação de seu existir, e não o retorno a uma vida anterior. A partir da proposição de atenção substituinte-dominante e antecipante-liberante de Tatossian, propõe-se que uma clínica do luto deva considerar a díade liberdade e não liberdade do paciente como critério para a compreensão de sua dimensão patológica e para a tutela do enlutado sobre o seu existir.

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Bibliographic Details
Main Authors: Michel,Luís Henrique Fuck, Freitas,Joanneliese de Lucas
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo 2019
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642019000100217
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Summary:Resumo O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) avulta a discussão do problema da diferenciação entre luto normal e complicado. Tendo por fundamento a obra de Arthur Tatossian e uma perspectiva fenomenológica do luto, temos como objetivo problematizar a clínica do luto em seu entrelaçamento com a compreensão diagnóstica. Apresenta-se a concepção de que o luto é vivido como um fenômeno intersubjetivo e como experiência de perda de um mundo partilhado que se rompe com a morte. Ao se perder um ente querido, perdem-se também uma perspectiva e uma possibilidade existencial, cabendo ao enlutado a ressignificação de seu existir, e não o retorno a uma vida anterior. A partir da proposição de atenção substituinte-dominante e antecipante-liberante de Tatossian, propõe-se que uma clínica do luto deva considerar a díade liberdade e não liberdade do paciente como critério para a compreensão de sua dimensão patológica e para a tutela do enlutado sobre o seu existir.