Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexo
RESUMO Objetivo: Determinar o número de leitos de UTI para pacientes adultos a fim de reduzir o tempo de espera na fila e propor políticas estratégicas. Métodos: Abordagem multimetodológica: (a) quantitativa, através de séries temporais e teoria de filas, para prever a demanda e estimar o número de leitos de terapia intensiva em diferentes cenários; (b) qualitativa, através do grupo focal e análise do conteúdo, para explorar o comportamento, atitudes e as crenças dos médicos nas mudanças da saúde. Resultados: As 33.101 solicitações de internação nos 268 leitos regulados de terapia intensiva, durante 1 ano, resultaram na admissão de 25% dos pacientes, 55% abandonos da fila e 20% de óbitos. Mantidas as taxas atuais de entrada e saída da unidade de terapia intensiva, seriam necessários 628 leitos para assegurar que o tempo máximo de espera fosse de 6 horas. A redução das atuais taxas de abandono, em razão de melhora clínica ou a redução do tempo médio de permanência na unidade, diminuiria o número de leitos necessários para 471 e para 366, respectivamente. Caso se conseguissem ambos os objetivos, o número chegaria a 275 leitos. As entrevistas geraram três temas principais: o conflito do médico: a necessidade de estabelecer prioridades justas, legais, éticas e compartilhadas na tomada de decisão; o fracasso no acesso: filas invisíveis e falta de infraestrutura; o drama social: deterioração das políticas públicas e desarticulação das redes de saúde. Conclusão: A fila deve ser tratada como um problema social complexo, de origem multifatorial e que requer soluções integradas. Redimensionar o número de leitos não é a única solução. Melhorar os protocolos e prover a reengenharia das enfermarias gerais podem reduzir o tempo de permanência na unidade. É essencial consolidar as centrais de regulação para organizar a fila e fornecer os recursos disponíveis em tempo adequado, usando critérios de prioridade e trabalhando em conjunto com as pessoas envolvidas para garantir a governança clínica e a organização da rede.
Main Authors: | , , , , , |
---|---|
Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB
2018
|
Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2018000300347 |
Tags: |
Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
|
id |
oai:scielo:S0103-507X2018000300347 |
---|---|
record_format |
ojs |
spelling |
oai:scielo:S0103-507X20180003003472018-10-08Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexoGoldwasser,Rosane SoniaLobo,Maria Stella de CastroArruda,Edilson Fernandes deAngelo,Simone AudreyRibeiro,Eliana Claudia de OtheroSilva,José Roberto Lapa e Unidades de terapia intensiva/organização & administração Políticas, planejamento e administração em saúde Número de leitos em hospital Acesso aos Serviços de Saúde Sistema Único de Saúde Pesquisa qualitativa RESUMO Objetivo: Determinar o número de leitos de UTI para pacientes adultos a fim de reduzir o tempo de espera na fila e propor políticas estratégicas. Métodos: Abordagem multimetodológica: (a) quantitativa, através de séries temporais e teoria de filas, para prever a demanda e estimar o número de leitos de terapia intensiva em diferentes cenários; (b) qualitativa, através do grupo focal e análise do conteúdo, para explorar o comportamento, atitudes e as crenças dos médicos nas mudanças da saúde. Resultados: As 33.101 solicitações de internação nos 268 leitos regulados de terapia intensiva, durante 1 ano, resultaram na admissão de 25% dos pacientes, 55% abandonos da fila e 20% de óbitos. Mantidas as taxas atuais de entrada e saída da unidade de terapia intensiva, seriam necessários 628 leitos para assegurar que o tempo máximo de espera fosse de 6 horas. A redução das atuais taxas de abandono, em razão de melhora clínica ou a redução do tempo médio de permanência na unidade, diminuiria o número de leitos necessários para 471 e para 366, respectivamente. Caso se conseguissem ambos os objetivos, o número chegaria a 275 leitos. As entrevistas geraram três temas principais: o conflito do médico: a necessidade de estabelecer prioridades justas, legais, éticas e compartilhadas na tomada de decisão; o fracasso no acesso: filas invisíveis e falta de infraestrutura; o drama social: deterioração das políticas públicas e desarticulação das redes de saúde. Conclusão: A fila deve ser tratada como um problema social complexo, de origem multifatorial e que requer soluções integradas. Redimensionar o número de leitos não é a única solução. Melhorar os protocolos e prover a reengenharia das enfermarias gerais podem reduzir o tempo de permanência na unidade. É essencial consolidar as centrais de regulação para organizar a fila e fornecer os recursos disponíveis em tempo adequado, usando critérios de prioridade e trabalhando em conjunto com as pessoas envolvidas para garantir a governança clínica e a organização da rede.info:eu-repo/semantics/openAccessAssociação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIBRevista Brasileira de Terapia Intensiva v.30 n.3 20182018-09-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2018000300347pt10.5935/0103-507x.20180053 |
institution |
SCIELO |
collection |
OJS |
country |
Brasil |
countrycode |
BR |
component |
Revista |
access |
En linea |
databasecode |
rev-scielo-br |
tag |
revista |
region |
America del Sur |
libraryname |
SciELO |
language |
Portuguese |
format |
Digital |
author |
Goldwasser,Rosane Sonia Lobo,Maria Stella de Castro Arruda,Edilson Fernandes de Angelo,Simone Audrey Ribeiro,Eliana Claudia de Othero Silva,José Roberto Lapa e |
spellingShingle |
Goldwasser,Rosane Sonia Lobo,Maria Stella de Castro Arruda,Edilson Fernandes de Angelo,Simone Audrey Ribeiro,Eliana Claudia de Othero Silva,José Roberto Lapa e Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexo |
author_facet |
Goldwasser,Rosane Sonia Lobo,Maria Stella de Castro Arruda,Edilson Fernandes de Angelo,Simone Audrey Ribeiro,Eliana Claudia de Othero Silva,José Roberto Lapa e |
author_sort |
Goldwasser,Rosane Sonia |
title |
Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexo |
title_short |
Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexo |
title_full |
Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexo |
title_fullStr |
Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexo |
title_full_unstemmed |
Planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro: um problema social complexo |
title_sort |
planejamento e compreensão da rede de terapia intensiva no estado do rio de janeiro: um problema social complexo |
description |
RESUMO Objetivo: Determinar o número de leitos de UTI para pacientes adultos a fim de reduzir o tempo de espera na fila e propor políticas estratégicas. Métodos: Abordagem multimetodológica: (a) quantitativa, através de séries temporais e teoria de filas, para prever a demanda e estimar o número de leitos de terapia intensiva em diferentes cenários; (b) qualitativa, através do grupo focal e análise do conteúdo, para explorar o comportamento, atitudes e as crenças dos médicos nas mudanças da saúde. Resultados: As 33.101 solicitações de internação nos 268 leitos regulados de terapia intensiva, durante 1 ano, resultaram na admissão de 25% dos pacientes, 55% abandonos da fila e 20% de óbitos. Mantidas as taxas atuais de entrada e saída da unidade de terapia intensiva, seriam necessários 628 leitos para assegurar que o tempo máximo de espera fosse de 6 horas. A redução das atuais taxas de abandono, em razão de melhora clínica ou a redução do tempo médio de permanência na unidade, diminuiria o número de leitos necessários para 471 e para 366, respectivamente. Caso se conseguissem ambos os objetivos, o número chegaria a 275 leitos. As entrevistas geraram três temas principais: o conflito do médico: a necessidade de estabelecer prioridades justas, legais, éticas e compartilhadas na tomada de decisão; o fracasso no acesso: filas invisíveis e falta de infraestrutura; o drama social: deterioração das políticas públicas e desarticulação das redes de saúde. Conclusão: A fila deve ser tratada como um problema social complexo, de origem multifatorial e que requer soluções integradas. Redimensionar o número de leitos não é a única solução. Melhorar os protocolos e prover a reengenharia das enfermarias gerais podem reduzir o tempo de permanência na unidade. É essencial consolidar as centrais de regulação para organizar a fila e fornecer os recursos disponíveis em tempo adequado, usando critérios de prioridade e trabalhando em conjunto com as pessoas envolvidas para garantir a governança clínica e a organização da rede. |
publisher |
Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB |
publishDate |
2018 |
url |
http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2018000300347 |
work_keys_str_mv |
AT goldwasserrosanesonia planejamentoecompreensaodarededeterapiaintensivanoestadodoriodejaneiroumproblemasocialcomplexo AT lobomariastelladecastro planejamentoecompreensaodarededeterapiaintensivanoestadodoriodejaneiroumproblemasocialcomplexo AT arrudaedilsonfernandesde planejamentoecompreensaodarededeterapiaintensivanoestadodoriodejaneiroumproblemasocialcomplexo AT angelosimoneaudrey planejamentoecompreensaodarededeterapiaintensivanoestadodoriodejaneiroumproblemasocialcomplexo AT ribeiroelianaclaudiadeothero planejamentoecompreensaodarededeterapiaintensivanoestadodoriodejaneiroumproblemasocialcomplexo AT silvajoserobertolapae planejamentoecompreensaodarededeterapiaintensivanoestadodoriodejaneiroumproblemasocialcomplexo |
_version_ |
1756404008988180480 |