Esperança e religião

Este artigo desenvolve três modelos de relacionamento com o sobrenatural. Primeiramente, o ritual de aposta, pelo qual o indivíduo se assegura de ter feito o que era possível fazer para evitar um perigo. A natureza detalhada da preparação do ritual é essencial, assim como a rede social que se tece ao redor do rito. Segundo, focaliza a relação de troca com o sobrenatural, mediada pelo shaman, que é aquele que detém os segredos do procedimento e a confiança dos "clientes". Terceiro, trata das relações de troca representadas pela religião popular católica e explica que todas as religiões "mundiais" (judaísmo, cristianismo, islamismo) se edificam sobre uma dialética do erudito com a religião popular. Tudo isso como introdução à análise do pentecostalismo e do neopentecostalismo, que representam formas inusitadas de religiosidade, nas quais o sobrenatural está presente. Mas a troca é com a Igreja, não com entidades sobrenaturais. A Igreja funciona mais como um "Pronto-Socorro Espiritual" do que como um lugar de construção de uma ordem moral ou como lugar em que os humanos fazem as pazes com Deus. O pentecostalismo faz parte de uma tendência ocidental que deixa as religiões includentes (católica, anglicana) em estagnação, enquanto as mais excludentes, aquelas que requerem muito sacrifício dos seguidores, ganham terreno.

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Bibliographic Details
Main Author: Lehmann,David
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo 2012
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142012000200015
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Summary:Este artigo desenvolve três modelos de relacionamento com o sobrenatural. Primeiramente, o ritual de aposta, pelo qual o indivíduo se assegura de ter feito o que era possível fazer para evitar um perigo. A natureza detalhada da preparação do ritual é essencial, assim como a rede social que se tece ao redor do rito. Segundo, focaliza a relação de troca com o sobrenatural, mediada pelo shaman, que é aquele que detém os segredos do procedimento e a confiança dos "clientes". Terceiro, trata das relações de troca representadas pela religião popular católica e explica que todas as religiões "mundiais" (judaísmo, cristianismo, islamismo) se edificam sobre uma dialética do erudito com a religião popular. Tudo isso como introdução à análise do pentecostalismo e do neopentecostalismo, que representam formas inusitadas de religiosidade, nas quais o sobrenatural está presente. Mas a troca é com a Igreja, não com entidades sobrenaturais. A Igreja funciona mais como um "Pronto-Socorro Espiritual" do que como um lugar de construção de uma ordem moral ou como lugar em que os humanos fazem as pazes com Deus. O pentecostalismo faz parte de uma tendência ocidental que deixa as religiões includentes (católica, anglicana) em estagnação, enquanto as mais excludentes, aquelas que requerem muito sacrifício dos seguidores, ganham terreno.