Tratamento cirúrgico da taquicardia ventricular refratária: nova proposta técnica
A miocardiopatia provocada pela doença de Chagas cria, freqüentemente, circuitos elétricos de reentrada, possibilitando o desencadeamento de taquicardia ventricular, geralmente refratária (TVR) às drogas antiarrítmicas. Muitas vezes, este quadro desorganiza eletricamente os ventrículos, provocando a morte do paciente. Nova proposta técnica para tratamento da (TVR) foi empregada em 9 pacientes, portadores da doença de Chagas com esta arritimia, sendo 8 com aneurisma de ponta e 1 da região infero-basal. Na maioria dos casos, o foco da taquicardia encontrava-se fora da borda do aneurisma ou da área de fibrose, geralmente na região basal ou póstero-lateral do ventrículo esquerdo. A idade variou entre 34 e 62 anos, com média de 48. Quatro eram do sexo masculino e 5 do feminino. Todos encontravam-se no grau funcional III e IV e a maioria apresentava episódios freqüentes de síncope, provocados pela taquicardia. Em 2 dos pacientes havia relato de AVC prévio e foi encontrado aneurisma de ponta em 8, aneurisma póstero-basal com extensa fibrose em 1 e trombo intracavitário em 6. Durante o ato cirúrgico foram induzidas as taquicardias clínicas em todos os pacientes. Na região em que o toque do instrumental cirúrgico conseguiu interrompê-las, foram realizadas aplicações de radiofreqüência, através de cateteres de ablação, no centro e nas bordas do foco. Logo após, e no sétimo dia de pós-operatório, nenhuma taquicardia pôde ser induzida com os protocolos de estimulação ventricular programada. A evolução de 13 +/- 7 meses, sem uso de drogas antiarrítmicas, mostra que 8 estão assintomáticos e em classe funcional I e II. Um paciente, com doença pulmonar obstrutiva crônica, faleceu de insuficiência respiratória no pós-operatório tardio (3 meses), sem ter apresentado taquicardia. Em conclusão, esta técnica é facilmente reprodutível, podendo ser realizada com simplicidade, sem necessidade de aparelhagem sofisticada de eletrofisiologia, e apresenta alto grau de sucesso na cura da TVR. Em nossa casuística, até o momento, o índice foi de 100%.
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Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular
1997
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oai:scielo:S0102-763819970003000101999-02-04Tratamento cirúrgico da taquicardia ventricular refratária: nova proposta técnicaBRICK,Alexandre ViscontiSEIXAS,Tamer NajarPORTILHO,Carlos FerreiraVIEIRA JÚNIOR,José JoaquimMATTOS,Jefferson Volnei dePERES,Ayrton Klier Taquicardia ventricular/cirurgia, métodos Ablação por cateter Miocardiopatia chagásica/complicações A miocardiopatia provocada pela doença de Chagas cria, freqüentemente, circuitos elétricos de reentrada, possibilitando o desencadeamento de taquicardia ventricular, geralmente refratária (TVR) às drogas antiarrítmicas. Muitas vezes, este quadro desorganiza eletricamente os ventrículos, provocando a morte do paciente. Nova proposta técnica para tratamento da (TVR) foi empregada em 9 pacientes, portadores da doença de Chagas com esta arritimia, sendo 8 com aneurisma de ponta e 1 da região infero-basal. Na maioria dos casos, o foco da taquicardia encontrava-se fora da borda do aneurisma ou da área de fibrose, geralmente na região basal ou póstero-lateral do ventrículo esquerdo. A idade variou entre 34 e 62 anos, com média de 48. Quatro eram do sexo masculino e 5 do feminino. Todos encontravam-se no grau funcional III e IV e a maioria apresentava episódios freqüentes de síncope, provocados pela taquicardia. Em 2 dos pacientes havia relato de AVC prévio e foi encontrado aneurisma de ponta em 8, aneurisma póstero-basal com extensa fibrose em 1 e trombo intracavitário em 6. Durante o ato cirúrgico foram induzidas as taquicardias clínicas em todos os pacientes. Na região em que o toque do instrumental cirúrgico conseguiu interrompê-las, foram realizadas aplicações de radiofreqüência, através de cateteres de ablação, no centro e nas bordas do foco. Logo após, e no sétimo dia de pós-operatório, nenhuma taquicardia pôde ser induzida com os protocolos de estimulação ventricular programada. A evolução de 13 +/- 7 meses, sem uso de drogas antiarrítmicas, mostra que 8 estão assintomáticos e em classe funcional I e II. Um paciente, com doença pulmonar obstrutiva crônica, faleceu de insuficiência respiratória no pós-operatório tardio (3 meses), sem ter apresentado taquicardia. Em conclusão, esta técnica é facilmente reprodutível, podendo ser realizada com simplicidade, sem necessidade de aparelhagem sofisticada de eletrofisiologia, e apresenta alto grau de sucesso na cura da TVR. Em nossa casuística, até o momento, o índice foi de 100%.info:eu-repo/semantics/openAccessSociedade Brasileira de Cirurgia CardiovascularBrazilian Journal of Cardiovascular Surgery v.12 n.3 19971997-07-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76381997000300010pt10.1590/S0102-76381997000300010 |
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