Raça e desigualdade entre as mulheres: um exemplo no sul do Brasil

Através de dados epidemiológicos este estudo pretende evidenciar as proporções sócio-econômicas das distinções criadas pelo "racismo contemporizador" da sociedade brasileira. Foi realizado um estudo transversal de base populacional com uma amostra representativa de 2.779 mulheres, de 15 a 49 anos vivendo em uma cidade no sul do Brasil. As mulheres negras e pardas apresentaram menor escolaridade, renda familiar, piores condições de moradia do que as mulheres brancas. Ao mesmo tempo, usavam menos métodos contraceptivos, tinham mais filhos e apresentavam maior perda fetal do que as mulheres brancas. Chama a atenção que praticamente todos esses resultados apresentaram tendência linear entre as categorias, isto é, à medida que havia um "escurecimento" da pele, piores ficavam as condições sócio-econômicas das mulheres. Também foi observado que as mulheres negras eram mais separadas, divorciadas ou viúvas, evidenciando mais um aspecto de pauperização das mulheres negras, principalmente pelo limitado acesso dessas ao mercado de trabalho. Os resultados deste estudo demostram que as relações raciais entre as mulheres são uma problemática que deve permear a discussão sobre cidadania no Brasil.

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Bibliographic Details
Main Authors: Olinto,Maria Teresa Anselmo, Olinto,Beatriz Anselmo
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz 2000
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2000000400033
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Description
Summary:Através de dados epidemiológicos este estudo pretende evidenciar as proporções sócio-econômicas das distinções criadas pelo "racismo contemporizador" da sociedade brasileira. Foi realizado um estudo transversal de base populacional com uma amostra representativa de 2.779 mulheres, de 15 a 49 anos vivendo em uma cidade no sul do Brasil. As mulheres negras e pardas apresentaram menor escolaridade, renda familiar, piores condições de moradia do que as mulheres brancas. Ao mesmo tempo, usavam menos métodos contraceptivos, tinham mais filhos e apresentavam maior perda fetal do que as mulheres brancas. Chama a atenção que praticamente todos esses resultados apresentaram tendência linear entre as categorias, isto é, à medida que havia um "escurecimento" da pele, piores ficavam as condições sócio-econômicas das mulheres. Também foi observado que as mulheres negras eram mais separadas, divorciadas ou viúvas, evidenciando mais um aspecto de pauperização das mulheres negras, principalmente pelo limitado acesso dessas ao mercado de trabalho. Os resultados deste estudo demostram que as relações raciais entre as mulheres são uma problemática que deve permear a discussão sobre cidadania no Brasil.