A transnacionalização de objetos escolares no fim do século XIX
RESUMO Este artigo propõe reflexão sobre a transnacionalização2 de objetos escolares no fim do século XIX, dando especial atenção às carteiras. Nesse período de estruturação da escola moderna, pública e obrigatória em muitos países do Ocidente, observa-se uma circulação internacional de discursos e saberes sobre o corpo infantil, o corpo do cidadão escolarizado, no âmbito da higiene pública e escolar. Ao lado das questões pedagógicas, médicas e higiênicas, a industrialização, as inovações tecnológicas e a globalização propiciam a fabricação e a difusão de um novo objeto que se tornaria cada vez mais imprescindível ao funcionamento das instituições de ensino, a carteira escolar. A partir da análise dos catálogos das indústrias de mobiliário escolar, discorro sobre os modelos de carteira mais hegemônicos, expostos nas exposições universais do século XIX. Destaco as empresas norte-americanas e francesas que disputavam a liderança do mercado de mobiliário escolar, num contexto em que a escola emerge como um importante mercado consumidor. Por meio do relatório do jury da Exposição Pedagógica de 1883, no Rio de Janeiro, é possível perquirir as características técnicas e higiênicas que, no Brasil, estavam sendo apreciadas na fabricação das carteiras. Como resultado, evidencia-se a via de mão dupla da relação entre escola, indústria e Exposições Universais. De um lado, a escola movimenta o mercado. De outro lado, o Estado depende do mercado para produção, em grande quantidade e em curto tempo, de um mobiliário padronizado que corrobore a expansão do ensino.
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Museu Paulista, Universidade de São Paulo
2016
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142016000200115 |
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oai:scielo:S0101-471420160002001152016-11-08A transnacionalização de objetos escolares no fim do século XIXAlcântara,Wiara Transnacionalização Carteira escolar Exposições Universais Exposições pedagógicas Patentes RESUMO Este artigo propõe reflexão sobre a transnacionalização2 de objetos escolares no fim do século XIX, dando especial atenção às carteiras. Nesse período de estruturação da escola moderna, pública e obrigatória em muitos países do Ocidente, observa-se uma circulação internacional de discursos e saberes sobre o corpo infantil, o corpo do cidadão escolarizado, no âmbito da higiene pública e escolar. Ao lado das questões pedagógicas, médicas e higiênicas, a industrialização, as inovações tecnológicas e a globalização propiciam a fabricação e a difusão de um novo objeto que se tornaria cada vez mais imprescindível ao funcionamento das instituições de ensino, a carteira escolar. A partir da análise dos catálogos das indústrias de mobiliário escolar, discorro sobre os modelos de carteira mais hegemônicos, expostos nas exposições universais do século XIX. Destaco as empresas norte-americanas e francesas que disputavam a liderança do mercado de mobiliário escolar, num contexto em que a escola emerge como um importante mercado consumidor. Por meio do relatório do jury da Exposição Pedagógica de 1883, no Rio de Janeiro, é possível perquirir as características técnicas e higiênicas que, no Brasil, estavam sendo apreciadas na fabricação das carteiras. Como resultado, evidencia-se a via de mão dupla da relação entre escola, indústria e Exposições Universais. De um lado, a escola movimenta o mercado. De outro lado, o Estado depende do mercado para produção, em grande quantidade e em curto tempo, de um mobiliário padronizado que corrobore a expansão do ensino.info:eu-repo/semantics/openAccessMuseu Paulista, Universidade de São PauloAnais do Museu Paulista: História e Cultura Material v.24 n.2 20162016-08-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142016000200115pt10.1590/1982-02672016v24n0204 |
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