Hidropisia fetal: análise de 80 casos

OBJETIVO: descrever a etiologia, evolução e prevalência de hidropisia fetal em coorte de gestantes em 10 anos de acompanhamento (1992 a 2002), em uma maternidade terciária. MÉTODOS: estudo retrospectivo foi realizado em pacientes referidas para a maternidade do Instituto Fernandes Figueira com o diagnóstico de hidropisia fetal, detectado pelo exame de ultra-sonografia, durante o período compreendido entre 1992 e 2002. Os casos foram selecionados quanto à etiologia (imune ou não-imune), sendo comparados quanto à evolução, procedimentos invasivos realizados e sobrevivência. A análise das variáveis foi realizada por meio do programa Epi-Info 6.0, sendo considerado valor de significância estatística um valor de p<0,05. RESULTADOS: durante o período de estudo, 80 gestantes foram atendidas com diagnóstico inicial de hidropisia fetal. A freqüência de hidropisia nesta população foi de 1 para 157 nascidos vivos. Isoimunização Rh (grupo imune - GI) foi diagnosticada em 13 casos (16,2%), restando portanto 67 casos (83,8%) considerados como devidos a causas não imunes (grupo não imune - GNI). As causas mais comuns de hidropisia fetal não imune são: idiopáticas (40,2%), genéticas (20,8%), infecciosas (20,7%) e cardiopatia fetal (7,4%). Foi encontrada diferença em relação à idade materna do grupo imune (média = 32,8 anos) quando comparada com o grupo não imune (média=28,7) (p=0,03), porém a idade gestacional ao nascimento foi similar em ambos os grupo, (média de 33,6 semanas no grupo imune e de 33,1 semanas no grupo não imune (p=0,66). Amniocentese e transfusão sanguínea in utero foram realizadas com maior freqüência no grupo imune (p<0,001) e a letalidade perinatal encontrada foi de 53,8% no grupo imune e 68,6% no grupo não imune (p=0,47). A pesquisa complementar de anticorpos IgG anti-parvovírus B19 foi realizada em 41 dos 67 casos de hidropisia fetal não imune e somente 16 apresentaram resultado positivo. CONCLUSÃO: a etiologia não imune foi a forma mais comum de apresentação de hidropisia fetal em nossa casuística. A letalidade perinatal desta entidade continua elevada e uma proporção significativa de casos não teve causa identificada. A utilização da análise do cariótipo fetal e do diagnóstico específico para parvovírus B19 pode aumentar a identificação causal de hidropisia fetal não imune classificada como idiopática.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Silva,André Ricardo Araujo da, Alzegui,Júlio Cezar Laura, Costa,Maria Célia de Freitas Leite da, Tristão,Maria Aparecida Pereira, Nogueira,Susie Andries, Nascimento,Jussara Pereira do
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia 2005
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032005000300008
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
id oai:scielo:S0100-72032005000300008
record_format ojs
spelling oai:scielo:S0100-720320050003000082006-03-06Hidropisia fetal: análise de 80 casosSilva,André Ricardo Araujo daAlzegui,Júlio Cezar LauraCosta,Maria Célia de Freitas Leite daTristão,Maria Aparecida PereiraNogueira,Susie AndriesNascimento,Jussara Pereira do Hidropisia fetal Complicações infecciosas na gravidez Parvovírus B19 humano Isoimunização Rh OBJETIVO: descrever a etiologia, evolução e prevalência de hidropisia fetal em coorte de gestantes em 10 anos de acompanhamento (1992 a 2002), em uma maternidade terciária. MÉTODOS: estudo retrospectivo foi realizado em pacientes referidas para a maternidade do Instituto Fernandes Figueira com o diagnóstico de hidropisia fetal, detectado pelo exame de ultra-sonografia, durante o período compreendido entre 1992 e 2002. Os casos foram selecionados quanto à etiologia (imune ou não-imune), sendo comparados quanto à evolução, procedimentos invasivos realizados e sobrevivência. A análise das variáveis foi realizada por meio do programa Epi-Info 6.0, sendo considerado valor de significância estatística um valor de p<0,05. RESULTADOS: durante o período de estudo, 80 gestantes foram atendidas com diagnóstico inicial de hidropisia fetal. A freqüência de hidropisia nesta população foi de 1 para 157 nascidos vivos. Isoimunização Rh (grupo imune - GI) foi diagnosticada em 13 casos (16,2%), restando portanto 67 casos (83,8%) considerados como devidos a causas não imunes (grupo não imune - GNI). As causas mais comuns de hidropisia fetal não imune são: idiopáticas (40,2%), genéticas (20,8%), infecciosas (20,7%) e cardiopatia fetal (7,4%). Foi encontrada diferença em relação à idade materna do grupo imune (média = 32,8 anos) quando comparada com o grupo não imune (média=28,7) (p=0,03), porém a idade gestacional ao nascimento foi similar em ambos os grupo, (média de 33,6 semanas no grupo imune e de 33,1 semanas no grupo não imune (p=0,66). Amniocentese e transfusão sanguínea in utero foram realizadas com maior freqüência no grupo imune (p<0,001) e a letalidade perinatal encontrada foi de 53,8% no grupo imune e 68,6% no grupo não imune (p=0,47). A pesquisa complementar de anticorpos IgG anti-parvovírus B19 foi realizada em 41 dos 67 casos de hidropisia fetal não imune e somente 16 apresentaram resultado positivo. CONCLUSÃO: a etiologia não imune foi a forma mais comum de apresentação de hidropisia fetal em nossa casuística. A letalidade perinatal desta entidade continua elevada e uma proporção significativa de casos não teve causa identificada. A utilização da análise do cariótipo fetal e do diagnóstico específico para parvovírus B19 pode aumentar a identificação causal de hidropisia fetal não imune classificada como idiopática.info:eu-repo/semantics/openAccessFederação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e ObstetríciaRevista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia v.27 n.3 20052005-03-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032005000300008pt10.1590/S0100-72032005000300008
institution SCIELO
collection OJS
country Brasil
countrycode BR
component Revista
access En linea
databasecode rev-scielo-br
tag revista
region America del Sur
libraryname SciELO
language Portuguese
format Digital
author Silva,André Ricardo Araujo da
Alzegui,Júlio Cezar Laura
Costa,Maria Célia de Freitas Leite da
Tristão,Maria Aparecida Pereira
Nogueira,Susie Andries
Nascimento,Jussara Pereira do
spellingShingle Silva,André Ricardo Araujo da
Alzegui,Júlio Cezar Laura
Costa,Maria Célia de Freitas Leite da
Tristão,Maria Aparecida Pereira
Nogueira,Susie Andries
Nascimento,Jussara Pereira do
Hidropisia fetal: análise de 80 casos
author_facet Silva,André Ricardo Araujo da
Alzegui,Júlio Cezar Laura
Costa,Maria Célia de Freitas Leite da
Tristão,Maria Aparecida Pereira
Nogueira,Susie Andries
Nascimento,Jussara Pereira do
author_sort Silva,André Ricardo Araujo da
title Hidropisia fetal: análise de 80 casos
title_short Hidropisia fetal: análise de 80 casos
title_full Hidropisia fetal: análise de 80 casos
title_fullStr Hidropisia fetal: análise de 80 casos
title_full_unstemmed Hidropisia fetal: análise de 80 casos
title_sort hidropisia fetal: análise de 80 casos
description OBJETIVO: descrever a etiologia, evolução e prevalência de hidropisia fetal em coorte de gestantes em 10 anos de acompanhamento (1992 a 2002), em uma maternidade terciária. MÉTODOS: estudo retrospectivo foi realizado em pacientes referidas para a maternidade do Instituto Fernandes Figueira com o diagnóstico de hidropisia fetal, detectado pelo exame de ultra-sonografia, durante o período compreendido entre 1992 e 2002. Os casos foram selecionados quanto à etiologia (imune ou não-imune), sendo comparados quanto à evolução, procedimentos invasivos realizados e sobrevivência. A análise das variáveis foi realizada por meio do programa Epi-Info 6.0, sendo considerado valor de significância estatística um valor de p<0,05. RESULTADOS: durante o período de estudo, 80 gestantes foram atendidas com diagnóstico inicial de hidropisia fetal. A freqüência de hidropisia nesta população foi de 1 para 157 nascidos vivos. Isoimunização Rh (grupo imune - GI) foi diagnosticada em 13 casos (16,2%), restando portanto 67 casos (83,8%) considerados como devidos a causas não imunes (grupo não imune - GNI). As causas mais comuns de hidropisia fetal não imune são: idiopáticas (40,2%), genéticas (20,8%), infecciosas (20,7%) e cardiopatia fetal (7,4%). Foi encontrada diferença em relação à idade materna do grupo imune (média = 32,8 anos) quando comparada com o grupo não imune (média=28,7) (p=0,03), porém a idade gestacional ao nascimento foi similar em ambos os grupo, (média de 33,6 semanas no grupo imune e de 33,1 semanas no grupo não imune (p=0,66). Amniocentese e transfusão sanguínea in utero foram realizadas com maior freqüência no grupo imune (p<0,001) e a letalidade perinatal encontrada foi de 53,8% no grupo imune e 68,6% no grupo não imune (p=0,47). A pesquisa complementar de anticorpos IgG anti-parvovírus B19 foi realizada em 41 dos 67 casos de hidropisia fetal não imune e somente 16 apresentaram resultado positivo. CONCLUSÃO: a etiologia não imune foi a forma mais comum de apresentação de hidropisia fetal em nossa casuística. A letalidade perinatal desta entidade continua elevada e uma proporção significativa de casos não teve causa identificada. A utilização da análise do cariótipo fetal e do diagnóstico específico para parvovírus B19 pode aumentar a identificação causal de hidropisia fetal não imune classificada como idiopática.
publisher Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia
publishDate 2005
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032005000300008
work_keys_str_mv AT silvaandrericardoaraujoda hidropisiafetalanalisede80casos
AT alzeguijuliocezarlaura hidropisiafetalanalisede80casos
AT costamariaceliadefreitasleiteda hidropisiafetalanalisede80casos
AT tristaomariaaparecidapereira hidropisiafetalanalisede80casos
AT nogueirasusieandries hidropisiafetalanalisede80casos
AT nascimentojussarapereirado hidropisiafetalanalisede80casos
_version_ 1756389566785257472