Crenças: Encontro da Formação Médica com a Assistência
Resumo: Introdução: Este artigo relata pesquisa realizada em um hospital público universitário do Rio de Janeiro. A partir da compreensão do ser humano como ser biopsicossocial, abre-se espaço para a investigação de componentes culturais que podem influenciar as pessoas em suas formas de enfrentamento da doença. Foram investigadas as percepções de um grupo de médicos em relação à presença de crenças religiosas de seus pacientes, bem como a inclusão do tema na formação médica. A pesquisa destaca a presença de característica cultural de certos grupos de indivíduos: crença em algo que transcende a realidade natural e que pode assumir variadas formas. Métodos: Foram entrevistados 41 médicos mediante entrevistas semiestruturadas orientadas por questões abertas abordando opiniões, condutas e atitudes com relação às crenças religiosas e espirituais e o seu papel no contexto assistencial. Utilizou-se como base teórica a Teoria das Representações Sociais de Moscovici e como abordagem metodológica o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Resultados: Os discursos revelaram a percepção do grupo investigado de que não houve nenhum preparo na formação médica para responder às demandas provocadas pelo tema, mas a experiência na assistência os conduziram à percepção de que crenças compõem o perfil de muitos pacientes e que estas podem ser relevantes no trabalho médico. Atividades educativas e consulta à literatura científica já produzida sobre esse tema não fizeram parte da formação. O encontro com a realidade tem sido feita com base no “bom senso” do profissional médico a partir de experiências pessoais e profissionais. Conclusão: Os discursos mostram que responder às demandas provocadas pelas crenças tem sido feito com dificuldades na prática médica, mesmo trabalhando em um hospital universitário que produz pesquisas e estimula constantemente a atualização científica. Na ausência de suporte conceitual qualificado para a prática médica, os sujeitos esforçam-se para aprender nas trocas profissionais e por iniciativas de estudos próprios. Trata-se, assim, de uma questão que demanda resposta apropriada no contexto da formação médica.
Main Authors: | , |
---|---|
Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Associação Brasileira de Educação Médica
2020
|
Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022020000100202 |
Tags: |
Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
|
id |
oai:scielo:S0100-55022020000100202 |
---|---|
record_format |
ojs |
spelling |
oai:scielo:S0100-550220200001002022020-02-21Crenças: Encontro da Formação Médica com a AssistênciaPinto,Anderson NunesFalcão,Eliane Brígida Morais Percepção Religião Espiritualidade Assistência Médica Educação Médica Resumo: Introdução: Este artigo relata pesquisa realizada em um hospital público universitário do Rio de Janeiro. A partir da compreensão do ser humano como ser biopsicossocial, abre-se espaço para a investigação de componentes culturais que podem influenciar as pessoas em suas formas de enfrentamento da doença. Foram investigadas as percepções de um grupo de médicos em relação à presença de crenças religiosas de seus pacientes, bem como a inclusão do tema na formação médica. A pesquisa destaca a presença de característica cultural de certos grupos de indivíduos: crença em algo que transcende a realidade natural e que pode assumir variadas formas. Métodos: Foram entrevistados 41 médicos mediante entrevistas semiestruturadas orientadas por questões abertas abordando opiniões, condutas e atitudes com relação às crenças religiosas e espirituais e o seu papel no contexto assistencial. Utilizou-se como base teórica a Teoria das Representações Sociais de Moscovici e como abordagem metodológica o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Resultados: Os discursos revelaram a percepção do grupo investigado de que não houve nenhum preparo na formação médica para responder às demandas provocadas pelo tema, mas a experiência na assistência os conduziram à percepção de que crenças compõem o perfil de muitos pacientes e que estas podem ser relevantes no trabalho médico. Atividades educativas e consulta à literatura científica já produzida sobre esse tema não fizeram parte da formação. O encontro com a realidade tem sido feita com base no “bom senso” do profissional médico a partir de experiências pessoais e profissionais. Conclusão: Os discursos mostram que responder às demandas provocadas pelas crenças tem sido feito com dificuldades na prática médica, mesmo trabalhando em um hospital universitário que produz pesquisas e estimula constantemente a atualização científica. Na ausência de suporte conceitual qualificado para a prática médica, os sujeitos esforçam-se para aprender nas trocas profissionais e por iniciativas de estudos próprios. Trata-se, assim, de uma questão que demanda resposta apropriada no contexto da formação médica.info:eu-repo/semantics/openAccessAssociação Brasileira de Educação MédicaRevista Brasileira de Educação Médica v.44 n.1 20202020-01-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022020000100202pt10.1590/1981-5271v44.1-20190239 |
institution |
SCIELO |
collection |
OJS |
country |
Brasil |
countrycode |
BR |
component |
Revista |
access |
En linea |
databasecode |
rev-scielo-br |
tag |
revista |
region |
America del Sur |
libraryname |
SciELO |
language |
Portuguese |
format |
Digital |
author |
Pinto,Anderson Nunes Falcão,Eliane Brígida Morais |
spellingShingle |
Pinto,Anderson Nunes Falcão,Eliane Brígida Morais Crenças: Encontro da Formação Médica com a Assistência |
author_facet |
Pinto,Anderson Nunes Falcão,Eliane Brígida Morais |
author_sort |
Pinto,Anderson Nunes |
title |
Crenças: Encontro da Formação Médica com a Assistência |
title_short |
Crenças: Encontro da Formação Médica com a Assistência |
title_full |
Crenças: Encontro da Formação Médica com a Assistência |
title_fullStr |
Crenças: Encontro da Formação Médica com a Assistência |
title_full_unstemmed |
Crenças: Encontro da Formação Médica com a Assistência |
title_sort |
crenças: encontro da formação médica com a assistência |
description |
Resumo: Introdução: Este artigo relata pesquisa realizada em um hospital público universitário do Rio de Janeiro. A partir da compreensão do ser humano como ser biopsicossocial, abre-se espaço para a investigação de componentes culturais que podem influenciar as pessoas em suas formas de enfrentamento da doença. Foram investigadas as percepções de um grupo de médicos em relação à presença de crenças religiosas de seus pacientes, bem como a inclusão do tema na formação médica. A pesquisa destaca a presença de característica cultural de certos grupos de indivíduos: crença em algo que transcende a realidade natural e que pode assumir variadas formas. Métodos: Foram entrevistados 41 médicos mediante entrevistas semiestruturadas orientadas por questões abertas abordando opiniões, condutas e atitudes com relação às crenças religiosas e espirituais e o seu papel no contexto assistencial. Utilizou-se como base teórica a Teoria das Representações Sociais de Moscovici e como abordagem metodológica o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Resultados: Os discursos revelaram a percepção do grupo investigado de que não houve nenhum preparo na formação médica para responder às demandas provocadas pelo tema, mas a experiência na assistência os conduziram à percepção de que crenças compõem o perfil de muitos pacientes e que estas podem ser relevantes no trabalho médico. Atividades educativas e consulta à literatura científica já produzida sobre esse tema não fizeram parte da formação. O encontro com a realidade tem sido feita com base no “bom senso” do profissional médico a partir de experiências pessoais e profissionais. Conclusão: Os discursos mostram que responder às demandas provocadas pelas crenças tem sido feito com dificuldades na prática médica, mesmo trabalhando em um hospital universitário que produz pesquisas e estimula constantemente a atualização científica. Na ausência de suporte conceitual qualificado para a prática médica, os sujeitos esforçam-se para aprender nas trocas profissionais e por iniciativas de estudos próprios. Trata-se, assim, de uma questão que demanda resposta apropriada no contexto da formação médica. |
publisher |
Associação Brasileira de Educação Médica |
publishDate |
2020 |
url |
http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022020000100202 |
work_keys_str_mv |
AT pintoandersonnunes crencasencontrodaformacaomedicacomaassistencia AT falcaoelianebrigidamorais crencasencontrodaformacaomedicacomaassistencia |
_version_ |
1756388445289185280 |