Raison d'état em Montaigne

Em "Do útil e do honesto" Montaigne indaga se, na defesa do Estado, haveria limites éticos para a ação do príncipe. O príncipe deve pautar-se pelo útil ou pelo honesto? Argumenta que o "devoir publique" é o limite da dedicação do súdito a um príncipe, o qual deve preservar a liberdade de julgamento. Ir além dos limites da consciência no serviço público é arriscar a confiança dos outros na veracidade de suas próprias palavras. Não há razão superior à razão de consciência. Enquanto para Maquiavel o conceito de utilidade é fundamental, para Montaigne o útil não é o honesto. Ainda que a utilidade pública, mesmo que por uma "razão mais geral", obrigue à desonestidade, a moralidade deve vigorar no espaço público. A honestidade, no interior do espaço público, é uma força instituinte da sociedade política. Todavia, a pretensão à verdade e o cuidado com a "paix publique" são definitivamente distintos. Montaigne afirma a incompatibilidade entre a moral e a política, mas almeja um príncipe que não ignore o honesto.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Author: Conceição,Gilmar Henrique da
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG 2012
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2012000200011
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
id oai:scielo:S0100-512X2012000200011
record_format ojs
spelling oai:scielo:S0100-512X20120002000112013-02-19Raison d'état em MontaigneConceição,Gilmar Henrique da Montaigne política raison d'État Em "Do útil e do honesto" Montaigne indaga se, na defesa do Estado, haveria limites éticos para a ação do príncipe. O príncipe deve pautar-se pelo útil ou pelo honesto? Argumenta que o "devoir publique" é o limite da dedicação do súdito a um príncipe, o qual deve preservar a liberdade de julgamento. Ir além dos limites da consciência no serviço público é arriscar a confiança dos outros na veracidade de suas próprias palavras. Não há razão superior à razão de consciência. Enquanto para Maquiavel o conceito de utilidade é fundamental, para Montaigne o útil não é o honesto. Ainda que a utilidade pública, mesmo que por uma "razão mais geral", obrigue à desonestidade, a moralidade deve vigorar no espaço público. A honestidade, no interior do espaço público, é uma força instituinte da sociedade política. Todavia, a pretensão à verdade e o cuidado com a "paix publique" são definitivamente distintos. Montaigne afirma a incompatibilidade entre a moral e a política, mas almeja um príncipe que não ignore o honesto.info:eu-repo/semantics/openAccessFaculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMGKriterion: Revista de Filosofia v.53 n.126 20122012-12-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2012000200011pt10.1590/S0100-512X2012000200011
institution SCIELO
collection OJS
country Brasil
countrycode BR
component Revista
access En linea
databasecode rev-scielo-br
tag revista
region America del Sur
libraryname SciELO
language Portuguese
format Digital
author Conceição,Gilmar Henrique da
spellingShingle Conceição,Gilmar Henrique da
Raison d'état em Montaigne
author_facet Conceição,Gilmar Henrique da
author_sort Conceição,Gilmar Henrique da
title Raison d'état em Montaigne
title_short Raison d'état em Montaigne
title_full Raison d'état em Montaigne
title_fullStr Raison d'état em Montaigne
title_full_unstemmed Raison d'état em Montaigne
title_sort raison d'état em montaigne
description Em "Do útil e do honesto" Montaigne indaga se, na defesa do Estado, haveria limites éticos para a ação do príncipe. O príncipe deve pautar-se pelo útil ou pelo honesto? Argumenta que o "devoir publique" é o limite da dedicação do súdito a um príncipe, o qual deve preservar a liberdade de julgamento. Ir além dos limites da consciência no serviço público é arriscar a confiança dos outros na veracidade de suas próprias palavras. Não há razão superior à razão de consciência. Enquanto para Maquiavel o conceito de utilidade é fundamental, para Montaigne o útil não é o honesto. Ainda que a utilidade pública, mesmo que por uma "razão mais geral", obrigue à desonestidade, a moralidade deve vigorar no espaço público. A honestidade, no interior do espaço público, é uma força instituinte da sociedade política. Todavia, a pretensão à verdade e o cuidado com a "paix publique" são definitivamente distintos. Montaigne afirma a incompatibilidade entre a moral e a política, mas almeja um príncipe que não ignore o honesto.
publisher Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG
publishDate 2012
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2012000200011
work_keys_str_mv AT conceicaogilmarhenriqueda raisondetatemmontaigne
_version_ 1756388001439547392