Histeria e somatização: o que mudou?

OBJETIVO: Propor um questionamento sobre o enfoque que se tem dado à histeria num contexto de classificações diagnósticas progressivamente mais técnicas e restritivas; investigar o que pode estar sendo negligenciado quanto aos complexos aspectos de funcionamento inerentes à condição histérica. MÉTODO: Revisão da literatura relevante sobre o tema, a evolução histórica de seu conceito e suas correlações clínicas. RESULTADOS: Descrições clínicas da histeria existem há quase 2 mil anos, com pormenores que pouco diferem dos de descrições mais recentes. A histeria parece permanecer em grande parte incompreendida pela medicina; restam importantes lacunas de conhecimento sobre o que teria tomado, na atualidade, o lugar dos antigos sintomas histéricos. Sabe-se, porém, que inúmeras categorias nosográficas surgiram nas últimas décadas, como a fibromialgia, a sensibilidade química múltipla, a somatização etc., às vezes com alto grau de imprecisão conceitual. CONCLUSÃO: O construto histeria vem se fragmentando cada vez mais nas sucessivas classificações diagnósticas, sem que essa fragmentação favoreça uma maior compreensão de seu significado e de seu enredo. A descrição cada vez mais refinada dos manuais classificatórios, com a eliminação da expressão "histeria", não parece ter representado uma estratégia adequada para um entendimento aprofundado dessa condição, tampouco para um melhor manejo clínico desses pacientes.

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Main Authors: Ávila,Lazslo Antônio, Terra,João Ricardo
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro 2010
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852010000400011
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