Hipoxemia por fístulas artério-venosas pulmonares em criança: relato de caso
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A presença de fístulas artério-venosas pulmonares (FAVP) deve ser investigada em pacientes com cianose sem causa esclarecida. O objetivo é relatar um caso de lobectomia pulmonar em criança portadora de FAVP. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 3 anos, com história de cianose sem dispnéia desde 8 meses, com baqueteamento digital e ausculta cardíaca normal. ECG e ecocardiografia eram normais e a radiografia de tórax mostrou condensação na metade superior do pulmão esquerdo. A gasometria arterial mostrou PaO2 de 28 mmHg, em ar ambiente, e PaO2 de 31,5 mmHg com cateter nasal de O2. Foi feito diagnóstico de FAVP através de ressonância nuclear magnética, sem possibilidade de embolização. O paciente foi submetido a lobectomia superior esquerda sob anestesia geral associada à anestesia subaracnóidea com morfina e bupivacaína. Foi realizada ventilação monopulmonar com introdução do tubo traqueal seletivo para o pulmão direito. A SaO2 era: em ar ambiente de 59%; à admissão à sala de operações, 69% (FiO2 = 1,0); após indução da anestesia geral, 65% (FiO2 = 1,0); durante a ventilação monopulmonar, 58% (FiO2 = 1,0); após a lobectomia e 98% (FiO2 = 0,6) ao final da cirurgia, com extubação traqueal uma hora após o final do procedimento. A partir do 5º dia de pós-operatório, começou a apresentar progressiva diminuição da SpO2 (até 83%) devido aumento de outra FAVP, tratada com embolização sob anestesia geral. A alta hospitalar ocorreu no 15º do pós-operatório. CONCLUSÕES: Neste caso, havia refratariedade à suplementação com O2 e houve melhora imediata com o tratamento cirúrgico. Entretanto, após ressecção da FAVP de maior tamanho ocorreu aumento de outra fístula, que contribuiu para a diminuição da SpO2 no pós-operatório, revertida com a embolização. Com o crescimento da criança, outras fístulas pulmonares ou em outros órgãos poderão surgir, caracterizando a síndrome de Rendu-Osler-Weber.
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Sociedade Brasileira de Anestesiologia
2004
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oai:scielo:S0034-709420040004000112004-09-22Hipoxemia por fístulas artério-venosas pulmonares em criança: relato de casoLima,Aleksandra PaulaCaíres,José Lopes dePontes,Dijair Gomes deJatene,Fábio BiscegliAuler Júnior,José Otávio CostaCarmona,Maria José Carvalho ANESTESIA/Pediátrica DOENÇAS/Pulmonar DOENÇAS/fístula artério-venosa JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A presença de fístulas artério-venosas pulmonares (FAVP) deve ser investigada em pacientes com cianose sem causa esclarecida. O objetivo é relatar um caso de lobectomia pulmonar em criança portadora de FAVP. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 3 anos, com história de cianose sem dispnéia desde 8 meses, com baqueteamento digital e ausculta cardíaca normal. ECG e ecocardiografia eram normais e a radiografia de tórax mostrou condensação na metade superior do pulmão esquerdo. A gasometria arterial mostrou PaO2 de 28 mmHg, em ar ambiente, e PaO2 de 31,5 mmHg com cateter nasal de O2. Foi feito diagnóstico de FAVP através de ressonância nuclear magnética, sem possibilidade de embolização. O paciente foi submetido a lobectomia superior esquerda sob anestesia geral associada à anestesia subaracnóidea com morfina e bupivacaína. Foi realizada ventilação monopulmonar com introdução do tubo traqueal seletivo para o pulmão direito. A SaO2 era: em ar ambiente de 59%; à admissão à sala de operações, 69% (FiO2 = 1,0); após indução da anestesia geral, 65% (FiO2 = 1,0); durante a ventilação monopulmonar, 58% (FiO2 = 1,0); após a lobectomia e 98% (FiO2 = 0,6) ao final da cirurgia, com extubação traqueal uma hora após o final do procedimento. A partir do 5º dia de pós-operatório, começou a apresentar progressiva diminuição da SpO2 (até 83%) devido aumento de outra FAVP, tratada com embolização sob anestesia geral. A alta hospitalar ocorreu no 15º do pós-operatório. CONCLUSÕES: Neste caso, havia refratariedade à suplementação com O2 e houve melhora imediata com o tratamento cirúrgico. Entretanto, após ressecção da FAVP de maior tamanho ocorreu aumento de outra fístula, que contribuiu para a diminuição da SpO2 no pós-operatório, revertida com a embolização. Com o crescimento da criança, outras fístulas pulmonares ou em outros órgãos poderão surgir, caracterizando a síndrome de Rendu-Osler-Weber.info:eu-repo/semantics/openAccessSociedade Brasileira de AnestesiologiaRevista Brasileira de Anestesiologia v.54 n.4 20042004-08-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942004000400011pt10.1590/S0034-70942004000400011 |
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