Distúrbios respiratórios após lesões cerebrais traumáticas agudas

Mediante 370 registros espirográficos feitos em 170 pacientes com traumatismos crânio-encefálicos ou com tumores cerebrais, foram estabelecidas sete modalidades do ritmo respiratório - ligeiramente irregular, muito irregular, periódica, em "suspiro", ondulatória, absolutamente regular, intermitente ou terminal - cujo valor prognóstico é comentado. A primeira não se diferencia do ritmo respiratório registrado em pessoas normais. A respiração muito irregular em geral é devida a obstáculos periféricos e pode ser melhorada pela mudança de posição do doente, pela entubação traqueal ou pela traqueostomia seguida de aspiração. As modalidades seguintes são devidas a lesões do sistema nervoso central: as três primeiras indicam a presença de lesões que ainda podem ser reversíveis; as duas últimas geralmente indicam a existência de lesões irreversíveis conduzindo a êxito letal. Em conseqüência de lesões cerebrais graves, e independentemente do ritmo respiratório, tanto pode haver hiper como hipoexcitabilidade dos centros respiratórios com conseqüente hiper ou hipoventilação, ambas prejudiciais à oxigenação tissular. Em geral, nos casos em que há hiperexcitabi-lidade dos centros respiratórios, ocorre também hipertensão arterial e os pacientes apresentam-se agitados e com hiperexcitabilidade motora (hipertonia muscular, contraturas e convulsões); em tais circunstâncias devem ser ministrados medicamentos neuroplégicos e tranqüilizantes. Nos casos de hipoexcitabilidade dos centros respiratórios em geral os pacientes apresentam hipotonia e relaxamento muscular; em tais circunstâncias a sedação medicamentosa só deve ser empregada em casos especiais e com grande cautela para não agravar a depressão respiratória.

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Bibliographic Details
Main Author: Frowein,R. A.
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO 1964
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1964000300004
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Description
Summary:Mediante 370 registros espirográficos feitos em 170 pacientes com traumatismos crânio-encefálicos ou com tumores cerebrais, foram estabelecidas sete modalidades do ritmo respiratório - ligeiramente irregular, muito irregular, periódica, em "suspiro", ondulatória, absolutamente regular, intermitente ou terminal - cujo valor prognóstico é comentado. A primeira não se diferencia do ritmo respiratório registrado em pessoas normais. A respiração muito irregular em geral é devida a obstáculos periféricos e pode ser melhorada pela mudança de posição do doente, pela entubação traqueal ou pela traqueostomia seguida de aspiração. As modalidades seguintes são devidas a lesões do sistema nervoso central: as três primeiras indicam a presença de lesões que ainda podem ser reversíveis; as duas últimas geralmente indicam a existência de lesões irreversíveis conduzindo a êxito letal. Em conseqüência de lesões cerebrais graves, e independentemente do ritmo respiratório, tanto pode haver hiper como hipoexcitabilidade dos centros respiratórios com conseqüente hiper ou hipoventilação, ambas prejudiciais à oxigenação tissular. Em geral, nos casos em que há hiperexcitabi-lidade dos centros respiratórios, ocorre também hipertensão arterial e os pacientes apresentam-se agitados e com hiperexcitabilidade motora (hipertonia muscular, contraturas e convulsões); em tais circunstâncias devem ser ministrados medicamentos neuroplégicos e tranqüilizantes. Nos casos de hipoexcitabilidade dos centros respiratórios em geral os pacientes apresentam hipotonia e relaxamento muscular; em tais circunstâncias a sedação medicamentosa só deve ser empregada em casos especiais e com grande cautela para não agravar a depressão respiratória.