Efeitos de estressores ambientais sobre indicadores fisiológicos, produtivos, de bem-estar e saúde de glândula mamária em vacas leiteiras Girolando.

O presente trabalho teve como objetivo compreender como o estresse por calor em vacas Girolando afeta indicadores fisiológicos, de bem-estar, produção de leite e a resposta celular frente ao desafio com lipopolissacarídeo (LPS) de Escherichia coli imposto à glândula mamária destes animais. A tese foi dividida em três capítulos, sendo o primeiro de revisão sobre o tema. O segundo capítulo trata do estudo que avaliou o efeito isolado do estresse por calor em vacas Girolando. Para tanto, doze vacas em lactação foram submetidas a estresse por calor (HS) por oito horas diárias em câmara climática regulada para manter índice de temperatura e umidade de 85, enquanto as outras doze vacas permaneceram em “free-stall” com sistema de resfriamento (CTR). O terceiro capítulo trata do estudo que avaliou a resposta da glândula mamária destas vacas sob estresse por calor quando desafiados ao LPS. Os mesmos 24 animais do primeiro estudo receberam, no dia 10 do experimento, uma dose única de 100 µg de LPS diluídos em 10 mL de solução fisiológica (0,9% NaCl) no quarto mamário posterior esquerdo e o quarto mamário posterior direito recebeu 10 mL de solução salina 0,9% de NaCl, sendo considerado o quarto mamário controle. A duração dos dois estudos, realizados em sequência, foi de 17 dias. Frequência respiratória (FR), temperatura vaginal (TVag), concentração plasmática de cortisol (CORT), tiroxina (T4), triiodotironina (T3), IGF-1 e insulina (INS), produção de leite, cultivo microbiológico do leite, composição do leite, contagem de células somáticas (CCS), contagem diferencial de células, número de passos e coices, frequência de micção, defecação, ruminação, consumo de matéria-seca e expressão gênica em células do leite foram avaliados. No primeiro estudo, a TVag das vacas HS foi significativamente maior do que as vacas CTR (p<0,05), entretanto, FR não se diferenciou. Dosagem de cortisol foi significativamente maior nos dias 5 e 7, outros hormônios não sofreram efeito entre grupos. Produção de leite foi significativamente menor no grupo HS, já componentes do leite, incluindo a CCS não foi diferente (p>0,05). As vacas HS ruminaram menos em sala de ordenha (p<0,05) e consumiram menor volume de matéria seca (p<0,05) ao longo dos dias do experimento. A expressão de genes ligados a proteínas de choque térmico, receptores de insulina, e prolactina e de glicocorticoides foram alteradas. No segundo estudo, a TVag dos animais HS foi superior (p<0,05) a das vacas CTR na média do período em que foram submetidas ao estresse por calor (39,12°C x 38,75ºC), e nas doze horas seguintes à administração de LPS (39,25ºC x 39,00ºC). FR não se diferenciou entre grupos (p>0,05). CORT, T4 INS foram significativamente maiores para o grupo HS nas horas 12, 24 e 12 e 24 pós-LPS, respectivamente. Produção de leite não se alterou entre os grupos HS e CTR mas apresentou interação com as horas pós LPS, sendo estatisticamente menor para os dois grupos na hora 24 pós-LPS. Já a CCS também não foi significativamente diferente entre os grupos, mas apresentou elevação significativa em seis horas após o LPS, mantendo-se elevada até 72 horas. A porcentagem de neutrófilos presentes no leite dos quartos mamários tratados com LPS foi significativamente maior do que nos quartos mamários controle nos tempos 6 e 24 horas pós-LPS. A expressão de genes ligados a proteínas de choque térmico, resposta imune e estresse oxidativo foram alteradas. A conclusão geral dos estudos é que as vacas Girolando experienciaram alterações fisiológicas, de comportamento e de produção compatíveis com estresse por calor. Entretanto, este estressor não foi capaz de afetar a imunidade da glândula mamária destes animais nem quando desafiados a um potente indutor de resposta inflamatória como o LPS.

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Main Author: MENDONCA, L. C.
Other Authors: LETICIA CALDAS MENDONCA, CNPGL.
Format: Teses biblioteca
Language:Portugues
pt_BR
Published: 2024-01-17
Subjects:Lipopolissacarídeos, Estresse por calor, Conforto térmico, Bovino, Produção Animal, Calor, Bem-Estar, Gado Leiteiro,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1160894
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description O presente trabalho teve como objetivo compreender como o estresse por calor em vacas Girolando afeta indicadores fisiológicos, de bem-estar, produção de leite e a resposta celular frente ao desafio com lipopolissacarídeo (LPS) de Escherichia coli imposto à glândula mamária destes animais. A tese foi dividida em três capítulos, sendo o primeiro de revisão sobre o tema. O segundo capítulo trata do estudo que avaliou o efeito isolado do estresse por calor em vacas Girolando. Para tanto, doze vacas em lactação foram submetidas a estresse por calor (HS) por oito horas diárias em câmara climática regulada para manter índice de temperatura e umidade de 85, enquanto as outras doze vacas permaneceram em “free-stall” com sistema de resfriamento (CTR). O terceiro capítulo trata do estudo que avaliou a resposta da glândula mamária destas vacas sob estresse por calor quando desafiados ao LPS. Os mesmos 24 animais do primeiro estudo receberam, no dia 10 do experimento, uma dose única de 100 µg de LPS diluídos em 10 mL de solução fisiológica (0,9% NaCl) no quarto mamário posterior esquerdo e o quarto mamário posterior direito recebeu 10 mL de solução salina 0,9% de NaCl, sendo considerado o quarto mamário controle. A duração dos dois estudos, realizados em sequência, foi de 17 dias. Frequência respiratória (FR), temperatura vaginal (TVag), concentração plasmática de cortisol (CORT), tiroxina (T4), triiodotironina (T3), IGF-1 e insulina (INS), produção de leite, cultivo microbiológico do leite, composição do leite, contagem de células somáticas (CCS), contagem diferencial de células, número de passos e coices, frequência de micção, defecação, ruminação, consumo de matéria-seca e expressão gênica em células do leite foram avaliados. No primeiro estudo, a TVag das vacas HS foi significativamente maior do que as vacas CTR (p<0,05), entretanto, FR não se diferenciou. Dosagem de cortisol foi significativamente maior nos dias 5 e 7, outros hormônios não sofreram efeito entre grupos. Produção de leite foi significativamente menor no grupo HS, já componentes do leite, incluindo a CCS não foi diferente (p>0,05). As vacas HS ruminaram menos em sala de ordenha (p<0,05) e consumiram menor volume de matéria seca (p<0,05) ao longo dos dias do experimento. A expressão de genes ligados a proteínas de choque térmico, receptores de insulina, e prolactina e de glicocorticoides foram alteradas. No segundo estudo, a TVag dos animais HS foi superior (p<0,05) a das vacas CTR na média do período em que foram submetidas ao estresse por calor (39,12°C x 38,75ºC), e nas doze horas seguintes à administração de LPS (39,25ºC x 39,00ºC). FR não se diferenciou entre grupos (p>0,05). CORT, T4 INS foram significativamente maiores para o grupo HS nas horas 12, 24 e 12 e 24 pós-LPS, respectivamente. Produção de leite não se alterou entre os grupos HS e CTR mas apresentou interação com as horas pós LPS, sendo estatisticamente menor para os dois grupos na hora 24 pós-LPS. Já a CCS também não foi significativamente diferente entre os grupos, mas apresentou elevação significativa em seis horas após o LPS, mantendo-se elevada até 72 horas. A porcentagem de neutrófilos presentes no leite dos quartos mamários tratados com LPS foi significativamente maior do que nos quartos mamários controle nos tempos 6 e 24 horas pós-LPS. A expressão de genes ligados a proteínas de choque térmico, resposta imune e estresse oxidativo foram alteradas. A conclusão geral dos estudos é que as vacas Girolando experienciaram alterações fisiológicas, de comportamento e de produção compatíveis com estresse por calor. Entretanto, este estressor não foi capaz de afetar a imunidade da glândula mamária destes animais nem quando desafiados a um potente indutor de resposta inflamatória como o LPS.
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