Potencial e eficiência da utilização de rochas silicáticas como fonte de potássio na agricultura.

O Brasil é um grande importador de fertilizantes, especialmente de fertilizantes potássicos. Diante deste cenário, a busca por fontes alternativas aos fertilizantes convencionais solúveis cresceu muito nas últimas duas décadas. O uso de pó de rocha silicática como fonte alternativa de potássio é atualmente recomendada por muitos técnicos, entretanto existem muitas incertezas quanto a eficiência destas fontes no meio científico. Desta maneira, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de diferentes resíduos provenientes da mineração de rochas silicáticas como fonte de potássio na agricultura brasileira. Para tanto, foi dividida em quatro capítulos. No capítulo I foi realizada a revisão sistemática da literatura seguida de meta-análise com o intuito de apresentar o estado da arte sobre a eficiência de pós de rochas silicáticas como fonte de potássio para plantas cultivadas. De maneira geral, o efeito da aplicação de pó de rocha foi superior em relação a não aplicação de K e inferior com relação à aplicação de fertilizante solúvel. Apenas doses acima de 5 Mg ha-1 proporcionaram efeitos significativos ou expressivos. Não foi observado benefício em decorrência da aplicação de pó de rocha em granulometria superior à 2 mm. Estudos de longa duração apresentaram resultado semelhante ao de estudos de curta duração, evidenciando não haver efeito residual na aplicação de pó de rochas silicáticas. No capítulo II, foram realizados ensaios de cinética de liberação de potássio a partir de resíduos da mineração de rocas silicática utilizando diferentes extratores. Os resultados mostraram haver maior proporção de K solúvel no resíduo de serpentinito (SER), rico em filossilicatos, após 48 h de extração. Em geral, a liberação de K dos resíduos foi relativamente rápida nas primeiras 4 h, se tornando praticamente estável após este período. O capítulo III teve como objetivo determinar a curva de resposta da produção de massa seca e acúmulo de potássio em plantas de milho. Para tanto, foi realizado experimento em casa de vegetação para definir a adubação corretiva, assim como modelar matematicamente a produção de matéria seca e acúmulo de K em plantas do milho em função da adubação potássica. O melhor ajuste para produção de matéria seca foi obtido por meio do modelo raiz quadrático, que indicou a necessidade de 163 mg kg-1 de K para atingir 90% da produtividade máxima de matéria seca. O acúmulo de K apresentou comportamento quadrático em função do aumento da dose. O Capítulo IV teve por objetivo avaliar a eficiência de resíduos da mineração de rochas silicáticas como fonte de K. Foi realizado experimento em casa de vegetação para definir a eficiência dos resíduos, comparativamente ao KCl, na produção de matéria seca da parte aérea de plantas de milho, adotando o tratamento sem aplicação de K como controle negativo. Os resíduos foram aplicados em três granulometrias distintas (Ø < 103 um, Ø < 300 um e Ø < 4.800 um), de maneira incorporada ou em superfície. Após dois cultivos sucessivos, a produção de matéria seca obtida pela aplicação do RSE (Ø < 300 um) proporcionou produção de matéria seca equivalente à obtida pela aplicação de KCl. O acúmulo de K proporcionado pela aplicação de maneira incorporada do RSE em granulometria inferior a 103 um foi equivalente ao proporcionado pela aplicação de KCl. Os demais resíduos proporcionaram valores de matéria seca e acúmulo de K significativamente inferiores aos proporcionados pela aplicação de KCl. A aplicação dos resíduos em granulometria classificada como farelada (Ø < 4.800 um) implicou em decréscimo significativo do desempenho.

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Bibliographic Details
Main Author: DIAS, R. de C.
Other Authors: RICARDO DE CASTRO DIAS, UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO.
Format: Teses biblioteca
Language:por
Published: 2023-09-19
Subjects:Remineralizador, Adubação, Fertilidade do Solo,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1156754
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Summary:O Brasil é um grande importador de fertilizantes, especialmente de fertilizantes potássicos. Diante deste cenário, a busca por fontes alternativas aos fertilizantes convencionais solúveis cresceu muito nas últimas duas décadas. O uso de pó de rocha silicática como fonte alternativa de potássio é atualmente recomendada por muitos técnicos, entretanto existem muitas incertezas quanto a eficiência destas fontes no meio científico. Desta maneira, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de diferentes resíduos provenientes da mineração de rochas silicáticas como fonte de potássio na agricultura brasileira. Para tanto, foi dividida em quatro capítulos. No capítulo I foi realizada a revisão sistemática da literatura seguida de meta-análise com o intuito de apresentar o estado da arte sobre a eficiência de pós de rochas silicáticas como fonte de potássio para plantas cultivadas. De maneira geral, o efeito da aplicação de pó de rocha foi superior em relação a não aplicação de K e inferior com relação à aplicação de fertilizante solúvel. Apenas doses acima de 5 Mg ha-1 proporcionaram efeitos significativos ou expressivos. Não foi observado benefício em decorrência da aplicação de pó de rocha em granulometria superior à 2 mm. Estudos de longa duração apresentaram resultado semelhante ao de estudos de curta duração, evidenciando não haver efeito residual na aplicação de pó de rochas silicáticas. No capítulo II, foram realizados ensaios de cinética de liberação de potássio a partir de resíduos da mineração de rocas silicática utilizando diferentes extratores. Os resultados mostraram haver maior proporção de K solúvel no resíduo de serpentinito (SER), rico em filossilicatos, após 48 h de extração. Em geral, a liberação de K dos resíduos foi relativamente rápida nas primeiras 4 h, se tornando praticamente estável após este período. O capítulo III teve como objetivo determinar a curva de resposta da produção de massa seca e acúmulo de potássio em plantas de milho. Para tanto, foi realizado experimento em casa de vegetação para definir a adubação corretiva, assim como modelar matematicamente a produção de matéria seca e acúmulo de K em plantas do milho em função da adubação potássica. O melhor ajuste para produção de matéria seca foi obtido por meio do modelo raiz quadrático, que indicou a necessidade de 163 mg kg-1 de K para atingir 90% da produtividade máxima de matéria seca. O acúmulo de K apresentou comportamento quadrático em função do aumento da dose. O Capítulo IV teve por objetivo avaliar a eficiência de resíduos da mineração de rochas silicáticas como fonte de K. Foi realizado experimento em casa de vegetação para definir a eficiência dos resíduos, comparativamente ao KCl, na produção de matéria seca da parte aérea de plantas de milho, adotando o tratamento sem aplicação de K como controle negativo. Os resíduos foram aplicados em três granulometrias distintas (Ø < 103 um, Ø < 300 um e Ø < 4.800 um), de maneira incorporada ou em superfície. Após dois cultivos sucessivos, a produção de matéria seca obtida pela aplicação do RSE (Ø < 300 um) proporcionou produção de matéria seca equivalente à obtida pela aplicação de KCl. O acúmulo de K proporcionado pela aplicação de maneira incorporada do RSE em granulometria inferior a 103 um foi equivalente ao proporcionado pela aplicação de KCl. Os demais resíduos proporcionaram valores de matéria seca e acúmulo de K significativamente inferiores aos proporcionados pela aplicação de KCl. A aplicação dos resíduos em granulometria classificada como farelada (Ø < 4.800 um) implicou em decréscimo significativo do desempenho.