Quando o Luto Pode Não Ser Normal: Abordagem nos Cuidados de Saúde Primários

Resumo O luto é a resposta natural à perda de um ente querido, que atinge a população de forma universal. As reações de luto agudo são normais e expectáveis e não devem ser diagnosticadas como doença. Em situações mais complexas podem ocorrer complicações que impedem ou atrasam a adaptação à perda, levando ao estabelecimento do luto prolongado. Esta entidade só pode ser diagnosticada decorridos pelo menos seis meses após a perda, mas o médico de família, pela proximidade, consegue identificar mais precocemente e com mais acurácia os indivíduos em risco. Pretende-se criar uma ferramenta de rastreio do risco de desenvolvimento de perturbação de luto prolongado antes dos seis meses após a perda. Foi efetuada pesquisa de artigos científicos publicados na Medline/PubMed, usando os termos “Grief”, “Bereavement”, “Risk assessment” e “Primary care”, e normas de orientação clínica, em língua inglesa e portuguesa, nos últimos 10 anos. A sua seleção baseou-se na pertinência do título, leitura do resumo e do texto integral. As ferramentas de diagnóstico de perturbação de luto prolongado validadas para a população portuguesa, aplicam-se apenas depois dos seis meses desde a perda, mas estão descritos fatores de risco imutáveis que podem ser precocemente identificados. Assim, propõe-se uma ferramenta piloto de rastreio para ser aplicada nos primeiros 6 meses após a perda, que permita orientar a necessidade de reavaliação ou referenciação a cuidados especializados. De futuro, pretende-se que esta possa ser divulgada, aplicada e idealmente validada, no âmbito dos cuidados de saúde primários, com benefício prognóstico dos indivíduos em luto.

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Bibliographic Details
Main Authors: Santos,Emília dos, Costa,Inês da, Silva,Patrícia Graça, Paulino,João, Ferreira,Maria do Céu
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Círculo Médico 2023
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282023000400294
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Summary:Resumo O luto é a resposta natural à perda de um ente querido, que atinge a população de forma universal. As reações de luto agudo são normais e expectáveis e não devem ser diagnosticadas como doença. Em situações mais complexas podem ocorrer complicações que impedem ou atrasam a adaptação à perda, levando ao estabelecimento do luto prolongado. Esta entidade só pode ser diagnosticada decorridos pelo menos seis meses após a perda, mas o médico de família, pela proximidade, consegue identificar mais precocemente e com mais acurácia os indivíduos em risco. Pretende-se criar uma ferramenta de rastreio do risco de desenvolvimento de perturbação de luto prolongado antes dos seis meses após a perda. Foi efetuada pesquisa de artigos científicos publicados na Medline/PubMed, usando os termos “Grief”, “Bereavement”, “Risk assessment” e “Primary care”, e normas de orientação clínica, em língua inglesa e portuguesa, nos últimos 10 anos. A sua seleção baseou-se na pertinência do título, leitura do resumo e do texto integral. As ferramentas de diagnóstico de perturbação de luto prolongado validadas para a população portuguesa, aplicam-se apenas depois dos seis meses desde a perda, mas estão descritos fatores de risco imutáveis que podem ser precocemente identificados. Assim, propõe-se uma ferramenta piloto de rastreio para ser aplicada nos primeiros 6 meses após a perda, que permita orientar a necessidade de reavaliação ou referenciação a cuidados especializados. De futuro, pretende-se que esta possa ser divulgada, aplicada e idealmente validada, no âmbito dos cuidados de saúde primários, com benefício prognóstico dos indivíduos em luto.