Gênero e culturas infantis: os clubinhos da escola e as trocinhas do Bom Retiro
Este estudo trata de gênero e culturas infantis, entrecruzando os clubinhos das séries iniciais, analisados em pesquisa feita em uma escola do bairro de Pinheiros, São Paulo, em 2001, e as trocinhas do Bom Retiro, estudadas por Florestan Fernandes em 1942. Na busca de aspectos microestruturais e do efeito dessas interações na construção de diferentes significados de gênero, emergiram questões como: em que medida tais agrupamentos conseguiam estabelecer espaços de autonomia perante o mundo adulto?; elaboravam relações de gênero próprias de uma cultura infantil?; quais eram os pontos centrais sobre os quais se desenrolava a trama das relações de gênero em cada tempo e lugar? A partir da etnografia, foram produzidos 28 registros de campo do recreio de 1ª a 4ª série. Apenas nas 3as e 4as séries assistiu-se a quarenta aulas de cinquenta minutos (de educação artística e educação física), e foram entrevistados 29 meninos e 26 meninas. Ora segregadores ora agregadores, observou-se que os clubinhos (mistos ou de mesmo sexo) eram o modo como as crianças geriam suas relações, fosse para permitir grupos mistos sem conflito, fosse para manter o distanciamento entre os sexos de modo pacífico. Este estudo contribui para trazer à tona um pouco das culturas infantis em seu protagonismo relacionado ao gênero e possibilita a caracterização da escola como espaço contraditório, que pode desenvolver ações de suporte às crianças para ampliação de suas experiências.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
2012
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022012000100005 |
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Summary: | Este estudo trata de gênero e culturas infantis, entrecruzando os clubinhos das séries iniciais, analisados em pesquisa feita em uma escola do bairro de Pinheiros, São Paulo, em 2001, e as trocinhas do Bom Retiro, estudadas por Florestan Fernandes em 1942. Na busca de aspectos microestruturais e do efeito dessas interações na construção de diferentes significados de gênero, emergiram questões como: em que medida tais agrupamentos conseguiam estabelecer espaços de autonomia perante o mundo adulto?; elaboravam relações de gênero próprias de uma cultura infantil?; quais eram os pontos centrais sobre os quais se desenrolava a trama das relações de gênero em cada tempo e lugar? A partir da etnografia, foram produzidos 28 registros de campo do recreio de 1ª a 4ª série. Apenas nas 3as e 4as séries assistiu-se a quarenta aulas de cinquenta minutos (de educação artística e educação física), e foram entrevistados 29 meninos e 26 meninas. Ora segregadores ora agregadores, observou-se que os clubinhos (mistos ou de mesmo sexo) eram o modo como as crianças geriam suas relações, fosse para permitir grupos mistos sem conflito, fosse para manter o distanciamento entre os sexos de modo pacífico. Este estudo contribui para trazer à tona um pouco das culturas infantis em seu protagonismo relacionado ao gênero e possibilita a caracterização da escola como espaço contraditório, que pode desenvolver ações de suporte às crianças para ampliação de suas experiências. |
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