A formação em Psicologia após 50 anos do Primeiro Currículo Nacional da Psicologia: alguns desafios atuais

Atualmente, muitos cursos estão a pleno vapor tentando terminar a implantação ou avaliando seus currículos, conforme determinado pelas novas Diretrizes Curriculares, homologadas pelo Ministério da Educação, em 2004. A construção das Diretrizes Curriculares marca um processo histórico importante para a Psicologia brasileira, pois foram produzidas a partir de debates, de relações de poder e de intensas negociações entre diversos atores/autores e instituições. Como todo processo histórico e coletivo, foi marcado por avanços e retrocessos. A partir da análise das novas Diretrizes Curriculares, observações e conversas com professores e estudantes de diversos cursos no País, problematizo dois conceitos das Diretrizes Curriculares em Psicologia: competências/habilidades e ênfases curriculares. Argumento que as Diretrizes Curriculares são dispositivos tecnológicos produzidos a partir de certa racionalidade prática, que caracterizam formas específicas de governo. Proponho ressignificar tais conceitos perspectivando uma formação em Psicologia orientada para um perfil generalista, vinculado aos contextos locais de produção de práticas sociais/profissionais, ampliando o conceito de competências para a competência linguística, originária da etnometodologia, e para a competência ética. Temos o que celebrar nestes 50 anos da regulamentação da profissão e do primeiro currículo nacional para os cursos de Psicologia, entretanto, no que diz respeito à formação, talvez não tanto quanto se gostaria.

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Bibliographic Details
Main Author: Bernardes,Jefferson de Souza
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Conselho Federal de Psicologia 2012
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500016
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Description
Summary:Atualmente, muitos cursos estão a pleno vapor tentando terminar a implantação ou avaliando seus currículos, conforme determinado pelas novas Diretrizes Curriculares, homologadas pelo Ministério da Educação, em 2004. A construção das Diretrizes Curriculares marca um processo histórico importante para a Psicologia brasileira, pois foram produzidas a partir de debates, de relações de poder e de intensas negociações entre diversos atores/autores e instituições. Como todo processo histórico e coletivo, foi marcado por avanços e retrocessos. A partir da análise das novas Diretrizes Curriculares, observações e conversas com professores e estudantes de diversos cursos no País, problematizo dois conceitos das Diretrizes Curriculares em Psicologia: competências/habilidades e ênfases curriculares. Argumento que as Diretrizes Curriculares são dispositivos tecnológicos produzidos a partir de certa racionalidade prática, que caracterizam formas específicas de governo. Proponho ressignificar tais conceitos perspectivando uma formação em Psicologia orientada para um perfil generalista, vinculado aos contextos locais de produção de práticas sociais/profissionais, ampliando o conceito de competências para a competência linguística, originária da etnometodologia, e para a competência ética. Temos o que celebrar nestes 50 anos da regulamentação da profissão e do primeiro currículo nacional para os cursos de Psicologia, entretanto, no que diz respeito à formação, talvez não tanto quanto se gostaria.