"Suzana e os velhos": sedução, trauma e sofrimento psíquico
Discute-se a violência das mensagens enigmáticas que o adulto sempre comunica ao cuidar da criança. Trata-se da sexualidade recalcada do próprio adulto, por isso inconsciente para ele mesmo, que impregna toda situação de apego, instalando por um lado uma sedução dirigida à criança - por isso traumatizante - e, por outro, convocando-a para iniciar um trabalho de tradução, de metabolização do excesso. Esse trabalho de tradução da sedução do adulto é, para Laplanche, estruturante, pois não somente funda o psiquismo da criança, mas inaugura uma atividade psíquica, organizadora e humana, por meio de um constante movimento après-coup de tradução, destradução e retradução do enigmático. Nesse movimento tradutivo, a cultura, como um assistente na tradução, permite amenizar a violência das mensagens. Ilustra-se esta discussão com o episódio bíblico de "Suzana e os velhos" e com a sua representação pictográfica da artista Artemísia Gentileschi (1593-1651), em que um cenário edípico se desdobra da tradução.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidade Estadual de Maringá
2012
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722012000300013 |
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Summary: | Discute-se a violência das mensagens enigmáticas que o adulto sempre comunica ao cuidar da criança. Trata-se da sexualidade recalcada do próprio adulto, por isso inconsciente para ele mesmo, que impregna toda situação de apego, instalando por um lado uma sedução dirigida à criança - por isso traumatizante - e, por outro, convocando-a para iniciar um trabalho de tradução, de metabolização do excesso. Esse trabalho de tradução da sedução do adulto é, para Laplanche, estruturante, pois não somente funda o psiquismo da criança, mas inaugura uma atividade psíquica, organizadora e humana, por meio de um constante movimento après-coup de tradução, destradução e retradução do enigmático. Nesse movimento tradutivo, a cultura, como um assistente na tradução, permite amenizar a violência das mensagens. Ilustra-se esta discussão com o episódio bíblico de "Suzana e os velhos" e com a sua representação pictográfica da artista Artemísia Gentileschi (1593-1651), em que um cenário edípico se desdobra da tradução. |
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