Três axiomas da economia ecológica
Faz-se uma reflexão sobre três grandes axiomas da economia ecológica: que o capital «natural» é o factor originário da produção dos bens e o sumidouro dos resíduos da economia; que as relações entre o capital natural e o capital «produzido» são basicamente de complementaridade; que os recursos naturais são escassos, funcionando como «factores restritivos» da acumulação do capital. Investiga-se aquilo que a economia tem dito sobre estes axiomas. A conclusão é que eles estão numa linha de continuidade com o conceito fisiocrata de «produto líquido» e as teses da economia política clássica sobre a terra como factor de produção e o advento do «estado estacionário». Pelo contrário, estão em contraste com os fundamentos do modelo neoclássico, que retém apenas o trabalho e o capital «produzido» como argumentos perfeitamente substituíveis da função macroeconómica de produção. Modelos recentes da ciência económica (a teoria endógena do crescimento e as teses sobre o conhecimento e a inovação) anulam o quadro conceptual ortodoxo, quando introduzem o conceito de rendimentos crescentes da informação. Permanecem, contudo, antropocêntricos e mudos sobre as restrições ambientais do crescimento. Devem ser estudados dois tipos de ciclos essenciais: dos rendimentos crescentes da informação e da exploração a custos crescentes dos recursos materiais e da energia. Estes ciclos contraditórios geram pressões enormes sobre o ambiente, o que convida a políticas novas de gestão e regulação da economia, se quisermos evitar o colapso.
Main Author: | |
---|---|
Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
ISCTE-IUL Business School
2009
|
Online Access: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-74442009000300004 |
Tags: |
Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
|
Summary: | Faz-se uma reflexão sobre três grandes axiomas da economia ecológica: que o capital «natural» é o factor originário da produção dos bens e o sumidouro dos resíduos da economia; que as relações entre o capital natural e o capital «produzido» são basicamente de complementaridade; que os recursos naturais são escassos, funcionando como «factores restritivos» da acumulação do capital. Investiga-se aquilo que a economia tem dito sobre estes axiomas. A conclusão é que eles estão numa linha de continuidade com o conceito fisiocrata de «produto líquido» e as teses da economia política clássica sobre a terra como factor de produção e o advento do «estado estacionário». Pelo contrário, estão em contraste com os fundamentos do modelo neoclássico, que retém apenas o trabalho e o capital «produzido» como argumentos perfeitamente substituíveis da função macroeconómica de produção. Modelos recentes da ciência económica (a teoria endógena do crescimento e as teses sobre o conhecimento e a inovação) anulam o quadro conceptual ortodoxo, quando introduzem o conceito de rendimentos crescentes da informação. Permanecem, contudo, antropocêntricos e mudos sobre as restrições ambientais do crescimento. Devem ser estudados dois tipos de ciclos essenciais: dos rendimentos crescentes da informação e da exploração a custos crescentes dos recursos materiais e da energia. Estes ciclos contraditórios geram pressões enormes sobre o ambiente, o que convida a políticas novas de gestão e regulação da economia, se quisermos evitar o colapso. |
---|