Demografia e antropologia em contraponto: os Enawene-Nawe e suas derivas matrimoniais
Este artigo tem um duplo objetivo - um de caráter documental e outro de cunho teórico. Por um lado, o trabalho visa fornecer informações que permitem esboçar o perfil demográfico de um povo ameríndio da Amazônia Meridional Brasileira e sobrepor informações antropológicas a esses dados quantitativos que retomam, na clave das ideias e valores nativos, aspectos de alguma maneira implicados neste perfil. A expectativa é que tal sobreposição, como nos contrapontos musicais, traga sentidos que estão ausentes nas séries de dados consideradas isoladamente. Por outro lado, o artigo procura chamar a atenção para o interesse analítico de um fenômeno empírico raramente explorado, embora muitas vezes intuído pela pesquisa etnográfica: as redes de "anéis matrimoniais" tecidas por esses povos. O estudo destas redes traz para o primeiro plano uma região de fronteira interdisciplinar que reclama o aprofundamento do diálogo entre a demografia de sociedades de pequena escala e a antropologia do parentesco, ambas interessadas, cada uma a seu modo, nas formas de reprodução desses coletivos.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Associação Brasileira de Estudos Populacionais
2016
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-30982016000200349 |
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Summary: | Este artigo tem um duplo objetivo - um de caráter documental e outro de cunho teórico. Por um lado, o trabalho visa fornecer informações que permitem esboçar o perfil demográfico de um povo ameríndio da Amazônia Meridional Brasileira e sobrepor informações antropológicas a esses dados quantitativos que retomam, na clave das ideias e valores nativos, aspectos de alguma maneira implicados neste perfil. A expectativa é que tal sobreposição, como nos contrapontos musicais, traga sentidos que estão ausentes nas séries de dados consideradas isoladamente. Por outro lado, o artigo procura chamar a atenção para o interesse analítico de um fenômeno empírico raramente explorado, embora muitas vezes intuído pela pesquisa etnográfica: as redes de "anéis matrimoniais" tecidas por esses povos. O estudo destas redes traz para o primeiro plano uma região de fronteira interdisciplinar que reclama o aprofundamento do diálogo entre a demografia de sociedades de pequena escala e a antropologia do parentesco, ambas interessadas, cada uma a seu modo, nas formas de reprodução desses coletivos. |
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