Transfusão autóloga usando os métodos de coleta pré-operatória e recuperação intra-operatória em cirurgias ortopédicas eletivas

Os dados obtidos durante 14 meses com o Programa de Autotransfusão (PAT), do Hospital do Aparelho Locomotor SARAH-BSB, foram coligidos e analisados. O PAT foi implementado para minimizar e até mesmo eliminar os riscos das transfusões homólogas, aumentando a segurança, a eficácia e melhorando a relação custo/benefício dos procedimentos. Buscou-se também diminuir a demanda de sangue homólogo compatível para aqueles pacientes cujo grupo sangüíneo é difícil de ser encontrado. A transfusão autóloga elimina os riscos da aquisição de doenças transmitidas pelo sangue de doadores infectados, impede a aloimunização, as reações alérgicas e a doença imune da reação do hospedeiro ao enxerto. Para o Serviço de Hemoterapia, ela atende a demanda por sangue de tipos raros e permite um aumento dos estoques. Como a autotransfusão é um procedimento invasivo, o paciente-doador pode apresentar reações, em sua maioria leves, desencadeadas principalmente por reflexo "vaso-vagal". Após preencherem as condições de admissão ao PAT, os pacientes ou os seus responsáveis, quando menores de idade, eram informados sobre o mesmo e, concordando, assinavam uma declaração de anuência. Os métodos utilizados para a realização das transfusões autólogas foram: a) coleta pré-operatória; b) recuperação intrci-operatória de lavado de hemácias ("Cell Saver"). O PAT recebeu 194 pacientes, dos quais 131 (67,5%) foram aceitos, e dos 63 (32,5%) pacientes excluídos somente 1 (0,5%), recusou-se a participar do programa. Até o final de junho de 1995, 100 (76,3% dos 131 pacientes admitidos) concluíram os procedimentos das cirurgias ortopédicas eletivas. A média das idades foi 34,3 anos, com intervalo entre 11 e 72 anos. Cerca de 39% dos pacientes tinham idade inferior a 22 anos. Mais de 70% das cirurgias realizadas foram consideradas de grande porte. Cerca de 20% dos pacientes necessitaram de unidades adicionais de sangue homólogo e 6% deles apresentaram reações transitorias leves, associadas à coleta do sangue. Nossa experiência demonstra a segurança e a eficácia da autotransfusão em pacientes nas faixas etárias aqui estudadas. A ótima aceitação pelos pacientes e a presença constante dos cuidados de enfermagem propiciaram o sucesso do PAT em nosso Hospital. Essas observações nos levam a sugerir que, a criação, a continuidade e a expansão dos programas de transfusão autóloga nos serviços com procedimentos cirúrgicos eletivos se constituem em inquestionável beneficio tanto para o paciente-doador quanto para o próprio Serviço de Hemoterapia.

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Bibliographic Details
Main Authors: Santos,Domingas Gentil dos, Pretel,Horizonte Sakalauskas, Magnani,Bruce Mendes C., Kalil,Ricardo Karam
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Associação Brasileira de Enfermagem 1996
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71671996000200005
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Description
Summary:Os dados obtidos durante 14 meses com o Programa de Autotransfusão (PAT), do Hospital do Aparelho Locomotor SARAH-BSB, foram coligidos e analisados. O PAT foi implementado para minimizar e até mesmo eliminar os riscos das transfusões homólogas, aumentando a segurança, a eficácia e melhorando a relação custo/benefício dos procedimentos. Buscou-se também diminuir a demanda de sangue homólogo compatível para aqueles pacientes cujo grupo sangüíneo é difícil de ser encontrado. A transfusão autóloga elimina os riscos da aquisição de doenças transmitidas pelo sangue de doadores infectados, impede a aloimunização, as reações alérgicas e a doença imune da reação do hospedeiro ao enxerto. Para o Serviço de Hemoterapia, ela atende a demanda por sangue de tipos raros e permite um aumento dos estoques. Como a autotransfusão é um procedimento invasivo, o paciente-doador pode apresentar reações, em sua maioria leves, desencadeadas principalmente por reflexo "vaso-vagal". Após preencherem as condições de admissão ao PAT, os pacientes ou os seus responsáveis, quando menores de idade, eram informados sobre o mesmo e, concordando, assinavam uma declaração de anuência. Os métodos utilizados para a realização das transfusões autólogas foram: a) coleta pré-operatória; b) recuperação intrci-operatória de lavado de hemácias ("Cell Saver"). O PAT recebeu 194 pacientes, dos quais 131 (67,5%) foram aceitos, e dos 63 (32,5%) pacientes excluídos somente 1 (0,5%), recusou-se a participar do programa. Até o final de junho de 1995, 100 (76,3% dos 131 pacientes admitidos) concluíram os procedimentos das cirurgias ortopédicas eletivas. A média das idades foi 34,3 anos, com intervalo entre 11 e 72 anos. Cerca de 39% dos pacientes tinham idade inferior a 22 anos. Mais de 70% das cirurgias realizadas foram consideradas de grande porte. Cerca de 20% dos pacientes necessitaram de unidades adicionais de sangue homólogo e 6% deles apresentaram reações transitorias leves, associadas à coleta do sangue. Nossa experiência demonstra a segurança e a eficácia da autotransfusão em pacientes nas faixas etárias aqui estudadas. A ótima aceitação pelos pacientes e a presença constante dos cuidados de enfermagem propiciaram o sucesso do PAT em nosso Hospital. Essas observações nos levam a sugerir que, a criação, a continuidade e a expansão dos programas de transfusão autóloga nos serviços com procedimentos cirúrgicos eletivos se constituem em inquestionável beneficio tanto para o paciente-doador quanto para o próprio Serviço de Hemoterapia.