Estudo retrospectivo a longo prazo da osteotomia de Reverdin-Isham: limitações e complicações

Introdução: No tratamento das deformações do pé, a cirurgia por via percutânea tem vindo a ganhar mais preponderância. A operação de Reverdin-Isham é uma osteotomia subcapital do primeiro metatársico para o tratamento do hallux valgus. De acordo com alguns autores, este procedimento está indicado no hallux valgus ligeiro a moderado. Existem poucos estudos publicados sobre esta osteotomia e nenhum reportando resultados a longo prazo. O objectivo deste estudo foi avaliar os resultados a longo prazo e eventuais limitações desta técnica. Material e Métodos: Avaliámos retrospectivamente 25 doentes (36 pés) operados a hallux valgus utilizando a operação de Reverdin-Isham. Excluímos doentes com metatarsalgia pré-operatória, realização concomitante de osteotomias dos metatársicos laterais e com ângulo intermetatársico (AIM) superior a 17 graus. Avaliámos pré e pós-operatoriamente o ângulo metatarsofalângico (AMTF), AIM e ângulo articular distal metatársico (DMAA). Determinámos a pontuação na escala AOFAS pós operatória, grau de satisfação e eventuais complicações. Resultados: O seguimento médio foi 5.4 anos (4.1-7.4). Valor médio da escala AOFAS obtido: 88.6 (52-100). Trinta e três casos (91.7%) afirmaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos. A avaliação radiográfica demonstrou uma correcção média de 14.6 graus (4-44) do AMTF, 2.7 graus (-4-13) do AIM e 9.3 graus (-2-32) do DMAA. Como complicações verificámos recidiva da deformidade em 5 casos (13.9%), encurtamento significativo de M1 em 2 casos (5.5%), sem metatarsalgia de transferência; 1 caso de hipercorrecção do DMAA (2.8%) e 1 caso de hipostesia do hallux (2.8%). Não encontrámos casos com limitação da mobilidade passiva de MTF1 superior a 50% do normal ou com subida da cabeça de M1. A taxa de recidiva foi significativamente maior (p = 0.0027) nos casos com AMTF >40º. Conclusão: Este estudo demonstra que a osteotomia de Reverdin-Isham é eficaz na correcção de hallux valgus leve a moderado, mesmo a longo prazo. No entanto, parece haver uma taxa excessiva de recidiva nos casos AMTF superior a 40 graus.

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Bibliographic Details
Main Authors: Carvalho,Paulo, Diniz,Pedro, Flora,Miguel, Domingos,Rui, Sarafana,João, Neves,J. Roxo
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia 2017
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-21222017000400004
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